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Few days on land

Um retrato do dia-a-dia de uma jovem de viagens quase sempre musicais e nem sempre coloridas.

O menos inteligente da semana...

... é o facto de os responsáveis pelo Festival Optimus Primavera Sound não deixarem entrar comida/bebida no recinto. Estive presente na edição do ano passado, e já nessa altura fiquei indignada com este assunto por várias razões.

Com o período de crise que o país atravessa, nem todos os festivaleiros têm dinheiro para comprar comida nos locais que os responsáveis disponibilizaram para o efeito que, para ajudar a minha teoria, são bastante caros. As pessoas gastam o que podem, quando podem e os responsáveis do festival deviam respeitar isso. Aliás, se pagaram o bilhete qual é o problema de levar comida? Será que quem recebeu um convite para o espaço VIP também tem que deixar a comida no saco? Se não tem, está mal. Porque se alguém lhes deu o convite agora podem gastar o dinheiro que pouparam no bilhete para comprar comida. Também podem perguntar-me, mas se as pessoas têm dinheiro para comprar o bilhete não terão para a comida? É assim... Sabem o preço de um bilhete geral? Chega aos 100 euros, com descontos e promoções porque nos restantes casos pode custar 125. Muitos dos festivaleiros poupam durante o ano inteiro para poderem ouvir os seus artistas de música favoritos, não tenham dúvidas disso. Não será esse esforço suficiente?    

Depois, nem toda a gente gosta ou pode comer o tipo de comida que por lá existe. E podem dizer que têm lá uma roulotte de comida saudável e tudo mais, que isso também eu vi no ano passado. Mas, como é normal, a comida é ainda mais cara do que a dita fast food.  

Isto para não falar do desperdício que é a comida ser deitada para sacos que ninguém sabe onde vão parar mas que eu, como cidadã de um país em crise, espero que entreguem a quem precisa. É que, no caso de não procederem dessa forma, estamos perante (mais) um problema de falta de sensibilidade para com quem passa necessidades em Portugal.

E é uma pena. Porquê? Porque o Optimus Primavera Sound é um festival com imensa qualidade. Muita qualidade mesmo. O cartaz tem nomes sonantes (já tinha na edição passada) que os portugueses gostam e querem ouvir (o esforço que fazem para adquirir os bilhetes é a prova disso mesmo).

Quando ouço falar deste festival as pessoas nunca dizem "Vou comprar o bilhete para o primeiro dia" ou "Só vou a este ou àquele dia", mas sim "Já comprei o passe geral". O Parque da Cidade é muito bonito e é o cenário ideal para aplicar o conceito do festival, que já tornou o meu festival favorito em Portugal (e só não conheço o Sudoeste porque de resto já estive em todos eles). Mas estas pequenas situações fazem a diferença. E não é uma diferença que eu goste.

"Só um Mundo de amor pode durar a vida inteira", de Miguel Esteves Cardoso

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.

 O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

 Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

 Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há,estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.  Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

 O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.

 O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

 O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não.  Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

 

Mais uma crónica sublime de Miguel Esteves Cardoso, publicada no Jornal Expresso mas que retirei daqui.

Não podia deixar de fazer um post com esta bonita definição de amor!

Tenham um bom dia! :) 

Estas palavras que me prendem #5

Amanhã

 

Pela janela vê-se que o dia não acordou.

Adormeceu rabugento na noite e transformou este tempo em algo próprio,

Tempo suficiente para vaguear pelas memórias e perceber que o conhecido é contável.

Deu início a uma longa procura pelo vazio quando nada havia para lembrar.

Subitamente morreu quem confiava e ao renascer perdeu a capacidade de se encontrar.

Desconhecido e adormecido, portanto, tornou-se no tempo que distingue o hoje do amanhã.

 

                                                           Joana Pires

A festa das campeãs

Há quem diga que a família não se escolhe. Pois... a minha parece ter sido "escolhida a dedo". Só esse facto justifica que ela seja a melhor família do mundo. As alegrias que me dão são mais que muitas e, uma vez que gosto de ver os meus especialíssimos vencer, tenho de declarar-me extremamente feliz por mais uma conquista entre nós. Não temos uma campeã mas sim uma bicampeã nacional de voleibol na família. Espectáculo! É tão bom poder dizê-lo depois de um fim-de-semana "em nervos", a torcer por um grupo de guerreiras, meninas que se esforçam dia após dia para alcançarem os seus sonhos e que são verdadeiros exemplos de força. Falo da equipa de cadetes do Colégio de Nossa Senhora do Rosário, no Porto, a vencedora justa da final disputada com a equipa do Colégio Sagrado Coração de Maria, de Lisboa, e ganha em quatro sets (3-1: 25-15, 25-14, 16-25, 25-17). Melhor que isto só mesmo a festa que se seguiu ao apito final! (Antes disso... Podem seguir as equipas do Colégio no Facebook oficial)


-Vamos à Festa?

-Sim... Mas temos de levar a Taça!

- A Taça é só para exposição, para ganhar pó? Não há outro uso para ela?

- Claro que sim. Estava tudo pensado ao pormenor!

- É uma Taça cheia de sorte. Foi muito bem tratada.

- A Taça e todos os presentes na festa. Basta ver, através do meu copo, a mesa que nos esperava!

- Houve tempo para mais?

- Claro. Não podia faltar o brinde!

É a prova de que há conquistas que alegram mais do que uma pessoa. É muito bom ver tanta gente com um sorriso "de orelha a orelha" e com uma enorme vontade de festejar. Foi uma festa fenomenal, com muita alegria, boa disposição e até fogo-de-artifício. Sim... o fogo-de-artifício a que toda a festa tem direito! :)

Se é para "partir o coração" que seja com boa música

Quantas vezes ouvimos canções, vemos cenas de filmes ou lemos histórias acerca de corações partidos, desgostos amorosos, amores não correspondidos? Muitas, é verdade. Ás vezes as histórias resolvem-se mas também há muito quem sofra à custa dessas situações, deprimindo, chorando e gritando ao mundo sobre as injustiças normais da vida. Tenho a solução!

Chama-se "Heartbreaker" e é um dos singles dos MSTRKRFT (com participação de John Legend). A letra, da qual eu gosto tanto, fala de um relacionamento que não correu bem e, mesmo depois de tudo estar acabado, um dos intervenientes da história, avisado pelos amigos que as coisas não iam correr bem, não consegue deixar de olhar o outro com o mesmo sentimento, que não está nada preocupado com isso porque já tem outra pessoa. O videoclipe é um dos meus vídeos de música favoritos pelas imagens, pela forma de rodagem/montagem, pelas personagens e pela história em si. Mas o mais importante de tudo? A música! É daquelas músicas que se não se perceber a letra pensa-se que só pode contar uma história muito alegre. Tem uma melodia extremamente positiva, com groove, que só se quer dançar. Vejo esta música como uma espécie de hino ao fim de um amor não valorizado porque ela de deprimente não tem nada. Ouçam!

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