Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Few days on land

Um retrato do dia-a-dia de uma jovem de viagens quase sempre musicais e nem sempre coloridas.

Algumas considerações sobre a 1.ª semifinal do Festival da Canção 2017

Numa tentativa de acompanhar as atuações das músicas a concurso no Festival da Canção 2017 revi as imagens da 1.ª semifinal e teci uma breve consideração no Facebook relativamente à música que mais me surpreendeu, "Amar Pelos Dois", cantada por Salvador Sobral. Num pequeno comentário, escrevi aquilo que é a minha convicção: a canção é boa demais para a Eurovisão. Já a ouvi algumas vezes e não retiro uma vírgula ao que escrevi. É legítimo que me perguntem: então se é a melhor canção da noite porque é que não deve representar-nos em Kiev? E eu respondo: porque temos de saber dar ao público aquilo que ele quer.

 

 

Embora não seja grande fã do concurso em si, tenho acompanhado as edições dentro do possível e sei que a Eurovisão tem todo um registo, um espírito, um género específico de canção que não se enquadra muito com o que Portugal normalmente apresenta. Querem ganhar? Muito bem. Mas não vai ser assim! Vejamos: os vencedores das edições anteriores (podem ver um vídeo com os vencedores dos últimos 16 anos aqui) dão espectáculo, são pessoas que têm um visual diferente dos outros (ainda dentro da categoria "dar espectáculo", se é que me entendem). As canções são normalmente mais pop, mais festivas e só em alguns casos estão relacionadas com os costumes e os sons tradicionais do país. Não venham agora dizer que querem ter uma canção que exiba a portugalidade no seu auge mas que, ao mesmo tempo, não relembre o nosso passado e que seja, portanto, futurista tanto no som como na letra porque isto tudo junto é só errado. Não é isso que tem ganho. Daí não perceber o alarido em volta das canções exibidas ontem. Mas estavam à espera de quê, sinceramente? É que até parece que Portugal alguma vez ganhou aquilo! Somos campeões da Europa mas não exagerem.   

 

Dito isto: qual era a canção que poderia ter maior impacto no Festival? Depende. Por um lado "Without You", cantada por Lisa Garden, podia funcionar. Íamos bem representados? Não. A canção cumpre os requisitos de animar e dar espetáculo mas é em inglês e a vocalista não me pareceu muito bem preparada. Por outro lado tínhamos "Poema a Dois", cantada por Fernando Daniel, reconhecido em quase todo o mundo. Servia? Nada disso. Mas a verdade é que a melodia remete aos sons tradicionalmente portugueses, ele tem uma boa voz e o final da música é o típico final à Eurovisão (estão a ver quando o vencedor tem de voltar a cantar? Acabar um espectáculo de televisão da forma que ele termina esta canção é sucesso garantido). E, não menos importante, o reconhecimento internacional podia ajudar com os votos no final (o Fernando Daniel manteve a pose do The Voice Portugal, é basicamente como se aquilo fosse uma cover e não uma música escrita para ele). Se a aposta for nos Viva la Diva, sinceramente, acho que voltamos de lá com um lugar semelhante aos conquistados em anos anteriores. Não abona nada a nosso favor. Nem aquece, nem arrefece. E este ano é mesmo para ganhar, certo?

 

 

A canção "Para Perto", cantada pelas Golden Slumbers, é a minha segunda favorita. Só podia ser obra de Samuel Úria. Mas, sinceramente, sei que também não seria uma canção para ganhar a Eurovisão. E é este ano mesmo, não é? É porque caso não seja somos capazes de arranjar alguma música nesta semifinal mas se for teremos de esperar pelo próximo fim-de-semana. É isso: vamos esperar! Da próxima semifinal não passa. E finalmente teremos a música com que vamos vencer a Eurovisão. Era o que mais faltava não conquistarmos a "Europa" com o nosso talento musical também. De certeza que isso diria muito sobre o estado da música em Portugal. É que o ano passado não participámos e isso veio destruir por completo as capacidades, o talento, os sonhos e as composições dos nossos artistas. Foi isso. Se tivéssemos lá estado o ano passado, este ano é que era. Mas se há uma coisa que sabemos é que se não for este ano será para o próximo. Somos portugues, havemos de ganhar!  

 

Festival-860x507.jpg

 (imagem: RTP)

i would do anything for you, baby

 

"You’re so cool
Did you come from the freezer?
Wanna bust out my VISA for you

 

You’re so fresh
Did you come from the cleaner?
You convert a non-believer – it’s true!

 

I’d take you out
I’d take you on
I’d be the one you’d call at night when you’re alone
Never let you down, never make you cry
Baby, I would treat you right…

 

If I was your man
I would do anything for you, baby, baby, baby, baby!
If I was your man
Never let you down, never make you cry
Baby, baby, baby, baby – If I was your man"

Um mero desabafo

Hoje precisava de uma hora de silêncio. Mas silêncio absoluto mesmo. Sem ter de ouvir nada nem ninguém. Sem ouvir os vizinhos (particularmente a vizinha que não mora mesmo ao meu lado mas como acha que é uma cantora lírica se ouve em todo o lugar), os seus animais de estimação, os aviões, os carros... Sem ouvir os mais pequenos e insignificantes barulhos do funcionamento normal do mundo. Silêncio apenas. Mas pedir silêncio e pedir que o mundo compreenda o verdadeiro significado da palavra exaustão é pedir demais. Mas sim: exaustão é a única forma de descever isto. Uma grande, completa e total exaustão da existência.