Quem quer ser o apresentador dos milionários?
Não tive oportunidade de ver a estreia do programa "Quem Quer Ser Milionário?" na segunda-feira. Consegui ver ontem e, ainda estou para descobrir bem como vi até ao fim. Como já disse, estudei Comunicação Social e, embora não pense em tornar-me jornalista na área da televisão, gosto de assistir aos bons programas que os canais portugueses vão tendo, tanto informativos como de entretenimento. Na verdade, se me perguntarem qual é o meu programa favorito vou responder os telejornais. Sim, porque num dia normal e em que o tempo me dá essa oportunidade, assisto aos telejornais da RTP, da SIC e da TVI. Nada como ver para aprender a distinguir o jornalismo praticado pelas estações de televisão portuguesas. É um hábito que já me "persegue" há alguns anos e, sendo assim, já identifiquei certos profissionais de excelência, os quais gosto de ouvir e considero que praticam um jornalismo isento e credível. Infelizmente, Manuela Moura Guedes não é uma dessas profissionais. E, sinceramente, o que relembro do trabalho dela são as polémicas (destaco a que se gerou após a entrevista ao Dr. Marinho e Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados) e a abertura tão própria dos seus momentos informativos, o famoso "Boa Noite, eu sou a Manuela Moura Guedes e este é o Jornal Nacional".
Agora, e depois de algum tempo afastada dos ecrãs, regressa para a apresentação de um programa em formato de concurso que, na minha opinião, não se insere nas suas competências. Gosto bastante do "Quem Quer Ser Milionário?", acho interessante e uma pessoa acaba por se testar a si própria enquanto os outros, que estão a ser testados na realidade, têm a pressão de acertar para ganharam dinheiro. Mas, na verdade, este concurso distingue-se pela tensão criada por parte dos apresentadores que chega a ser de tal forma incisiva que, mesmo que o concorrente tenha certeza absoluta da resposta, acaba por bloqueá-la com dúvidas. E, aí, cria-se o suspense, também característico deste programa, para o concorrente, para os presentes em estúdio e sobretudo para o espectador que vê o programa. Na minha opinião, Manuela Moura Guedes não foi capaz de criar nenhum dos dois. Há demasiados silêncios e não são silêncios de indefinição ou de nervosismo por parte de quem anseia pela resposta certa, como deviam, ontem pareceram-me silêncios de quem não tinha mais o que dizer. Para além disso, normalmente os apresentadores escolhidos já têm uma empatia com as pessoas que estão a assistir em estúdio, o que permite a quem está no comando desenvolver momentos de alguma descontração (depois do tempo que o concorrente passa ali para saber se acertou ou não merece uns momentos de boa disposição). José Carlos Malato é um bom exemplo de tudo o que precisa ser um apresentador de concursos. No entanto, e falando especificamente do "Quem quer Ser Milionário?", destaco Diogo Infante e Jorge Gabriel como os apresentadores mais capazes de liderar um programa deste género (e Jorge Gabriel nem é um dos comunicadores que mais admiro mas, ainda assim, fez um bom trabalho enquanto comandava este concurso).
Na verdade, o tempo pode ajudar Manuela Moura Guedes a adaptar-se ao género. Mas, no meu ponto de vista, o que a RTP precisa é de projetos que funcionem de início e não apostas que desiludam durante meses a fio. Resta-nos aguardar.