Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Few days on land

Um retrato do dia-a-dia de uma jovem de viagens quase sempre musicais e nem sempre coloridas.

Porque um dia a liberdade ficou à porta

Quem me conhece sabe (quem lê regularmente o Few days on land também já deve saber) que desde que sei que o meu futuro tinha de estar ligado à comunicação, tive por ideal ser jornalista. O meu objectivo, depois da universidade, era trabalhar em jornalismo impresso. Mas - e muitas vezes os sonhos limitam-se por um 'mas' - um dia percebi que o jornalismo é muito menos livre do que parece. Ou melhor, do que transparece. Embora a ideia "vendida" nos cursos superiores seja outra. Da forma como o "pintam", o jornalismo é uma profissão de sonho. As regalias de ser livremente criativo e poder olhar o mundo desisteressadamente, ao que parece.

 

 

Ao longo dos últimos anos, foram vários os eventos em Portugal que me fizeram duvidar de que o jornalismo seja uma profissão livre, que conjugue no seu exercício o respeito pelos direitos e deveres de cada um mas que dê primazia à liberdade de expressão. Embora se pense muitas vezes que "lá fora isto não acontece", que até isto "faz muito parte do típico ser português" e que Portugal tem atitudes que o transformam num país eternamente posto à margem do jornalismo de excelência exercido nas principais capitais europeias, os acontecimentos do passado dia 7 de Janeiro no semanário satírico francês Charlie Hebdo são prova de que o jornalismo está ameaçado um pouco por todo o mundo. Uma prova clara, infelizmente.

 

charliehebdo (7).JPG

 

No seguimento do que disse antes, se há direito que valorizo é este: Liberdade de expressão. Parece tão simples e indefeso. Afinal, trata-se de poder divulgar livremente ideias ou opiniões que, embora possam não ser comummente aceites por todos, atestam uma e só uma coisa: a forma como vemos o mundo. Mas este é, acima de tudo, um direito perigoso ou, por outras palavras, um direito que nos tem dado direito a muito pouco. E os franceses perceberam-no da pior forma possível. Infelizmente, Paris teve de adaptar-se a essa realidade muito rapidamente. O mundo abriu os olhos para esta questão, mas é em Paris que se percebe como este acontecimento foi marcante. São notórias as medidas extremas de segurança, polícia em todos os cantos da cidade, pessoas desconfiadas de tudo e todos, câmaras em qualquer lugar ou forças policiais preparadas para responder às ameaças. E qualquer ameaça é levada a sério. Muito a sério.

 

charliehebdo (8).JPG

 

Como fica claro com este texto, fiquei muito sensibilizada com o que se viveu por lá e que começou numa simples redacção de jornal. Por ocasião da minha passagem por Paris resolvi conhecer aquela zona e o local onde tudo se passou. Calmo, silencioso e rotineiro, são as palavras que descrevem a impressão com que fiquei do local. A primeira coisa que se pensa é: como é que um massacre pode ocorrer aqui? Como é que algo daquela dimensão acontece neste espaço, literalmente no meio de vários prédios residenciais? Possivelmente parece-vos que estas perguntas poderiam obter o mesmo tipo de resposta. Mas dei por mim a questionar-me sobre isto, desta forma, várias vezes.

 

charliehebdo (9).JPG

 

Paris recorda - e não esquecerá nunca - o acontecimento, as vítimas e o neutralizar da liberdade de expressão. São lembrados constamente de tudo pelo que passaram. Há mensagens, murais, grafittis do mote que dava voz a quem não conseguia falar sobre o sucedido, 'Je Suis Charlie'... São várias as manifestações de saudade espalhadas por toda a cidade. Há lembranças que nunca desaparecem, algumas delas com muita pena nossa. Esta é uma dessas lembranças.

 

charliehebdo (10).JPG

 

              charliehebdo (2).JPG     charliehebdo (3).JPG     charliehebdo (4).JPG       

        

                                            charliehebdo (6).JPG          charliehebdo (5).JPG

charliehebdo (1).JPG

 

Mais momentos da viagem a Paris: Centre Pompidou

A minha caligrafia em Paris

A BB, autora do blog Bata e Batom, desafiou-me a mostrar-vos a minha caligrafia. Aproveitei a viagem a Paris para cumprir o desafio e, por coincidência ou não, encontrei a forma perfeita de o fazer: o Café Little Boy.

 

Foi numa visita ao Centre Pompidou, o local indicado para ver/rever ou conhecer profundamente o que de mais importante existe em matéria de arte moderna e contemporânea, que descobrimos uma sala que é nossa. Esta sala é tão especial que somos convidados a colorir as paredes, o chão e a mobília em redor, dando liberdade total à nossa criatividade. Tudo é possível. Podemos escrever, desenhar, pintar, inventar, criar...  O que quisermos. E aqui é que o céu é mesmo o limite. O céu e as cores de giz espalhadas pelo local. Tudo o resto depende de quão alto conseguimos chegar, para que a nossa mensagem/criação fique num local que ainda ninguém alcançou; ou do quão fortes podemos ser, para pressionar o giz no quadro, deixar fluir a nossa criatividade e tornar a nossa mensagem visível aos futuros visitantes do local. 

 

centrepompidou4.JPG

 

A instalação Café Little Boy tem origem numa parede, a única que restou da escola Fukoromachi após a queda da bomba atómica "Little Boy" em Hiroshima, a 6 de Agosto de 1945. Perto dessa parede existia uma mesa na qual os sobreviventes escreviam mensagens aos seus entes queridos. O artista francês Jean-Luc Vilmouth transportou o conceito para o Centre Pompidou, em 2005. Desde essa altura, o quadro verde gigante que reveste as paredes da sala e as mesas e cadeiras feitas do mesmo material têm permitido aos milhares de visitantes da instalação colorir o local para os visitantes futuros. Um conceito criativo resulta numa instalação diferente que desperta nos visitantes a vontade de deixar naquele centro de arte moderna algumas das suas ideias, dos seus pensamentos. E pensar que em 2005 aquela sala tinha apenas oito molduras e várias caixas de giz colorido...

 

centrepompidou1.JPG

 

centrepompidou3.JPG

 

Não sou alta o suficiente para chegar à parte do quadro que ainda não estava preenchida e não achei que precisava de chegar até lá para  escrever a minha mensagem. Por isso, preferi apostar na minha força, na cor do giz que escolhi e na língua portuguesa. Deixei escrita naquelas paredes uma das minhas frases favoritas, da autoria de um dos melhores escritores portugueses. De sempre e para sempre: Saramago.

 

centrepompidou2.JPG      

Few days on Insta'Land: Paris 2015

Se é seguidor do Few days on land no Instagram já sabe disto. Mas, para quem não é e não tem visto as fotografias que partilhei por lá, é só para dizer que fui a Paris. Dar uma volta. Conhecer umas coisas. Comer uns doces. Ver cultura, história e outras que tais. Tenho muito para contar, muitas fotografias para partilhar. Mas ainda estou a organizar a minha vida em função do que ela era antes da viagem e de como está agora. Estão a ver? É que... A vida dá muitas voltas. Isso é certo. E 6 dias fora de Portugal não é só um "fugir à realidade" mas é já um "viver outra realidade". Se é que me entendem. Se não entendem, vão entender com o que for aparecendo aqui pelo blog.

 

Para já, deixo-vos - principalmente a quem não segue o Few days on land no Instagram ou para quem não tem conta naquela rede social - com as fotografias que fui partilhando ao longo dos 6 dias em que visitei a lindíssima cidade francesa.

 

instagram1.jpg

instagram2.jpg

 

instagram.com/fewdaysonland

Visitar Paris sem sair de Lisboa

Situada no Saldanha, a pastelaria francesa L'Eclair faz as delícias de todos os que procuram os tradicionais bolos na esperança de saborear Paris em Lisboa. A experiência é digna de registo, porque é no seu todo uma viagem. Uma viagem naturalmente diferente do que seria entrar numa pastelaria da especialidade numa região francesa, mas com um conceito e qualidade não menos interessantes.

 

IMG_1775 - Cópia.JPG

 

IMG_1756 - Cópia.JPG

 

Visitar uma pastelaria, que não só está na moda como a qualidade dos seus produtos fala por si, ao final da tarde é capaz de não ser das melhores ideias que se pode ter. E porquê? Porque embora o pasteleiro esteja sempre a preparar novas fornadas de éclairs, segundo nos foi dito pelo prestável e simpático empregado que nos atendeu, as pessoas também não param de chegar para levar os precious bolinhos. Resultado: poucos éclairs em exposição, tamanha é a loucura ao redor destas pequenas maravilhas. Já não existiam os mini éclairs, a escolha acertada para quem pretende conhecer os vários sabores disponíveis na L'Eclair.

 

IMG_1757 - Cópia.JPG

 

Ups... Acabei de perceber que talvez no parágrafo anterior tenha resumido o que vos vim aqui dizer. Mas ainda há mais a acrescentar. Tipo isto:

 

IMG_1767 - Cópia.JPG

 

Não é o melhor chocolate quente de Lisboa, mas está muito próximo do que ocupa o 1.º lugar do meu pódio (o chocolate quente da Xocoa). Gostei por ser mais amargo do que o normal, provavelmente feito com chocolate negro com mais cacau do que açucar (tão difícil de encontrar hoje em dia por aí). A consistência é média, nem muito líquido, nem muito grosso. Para além disso, é servido de forma diferente, vem numa caneca e o empregado coloca na chávena, ao vivo e a cores, na mesa, ainda quentinho. A acompanhar está um pequeno pedaço de chocolate negro, outra delícia desta pastelaria.

 

Agora o que interessa: os éclairs. Provei o éclair de caramelo e a minha irmã o de framboesa - acabámos por provar ambos que de partilha é que vive o mundo - e estes pequenos grandes bolos são divinais. A massa é fofa e não parece plástico, como qualquer éclair que é vendido nas pastelarias portuguesas, e o creme no interior é leve e não enjoativo como é tão normal neste pequeno pedaço de terra à beira mar plantado. A fruta é fresca e os níveis de açucar são controlados para que este bolo não ultrapasse os limites do doce q.b.  Uma pastelaria para voltar, sem dúvida!

 

IMG_1768 - Cópia.JPG

 

IMG_1770 - Cópia.JPG