Passei um dia magnífico naquela que, no passado, foi a casa de um dos melhores poetas portugueses (uma das casas porque Fernando Pessoa teve várias). Tem uma biblioteca muito sossegada e que possui um património de grande valor (os livros antigos são verdadeiros "achados"). A casa em si é lindíssima, mesmo ao estilo de Pessoa. Um lugar onde se respira alegria, um lugar recheado de poesia, uma casa repleta de recordações. É como se Fernando Pessoa nunca tivesse deixado de estar por este Mundo. Adorei!
Existes perseguindo o desconhecido e a surpresa é o insólito dos encontros momentâneos.
O barulho real é perpetuado no vazio quando o que se procura é calma. O movimento ganha devoção através de desgostos desafinados que transparecem no chão molhado.
É tempo de questionar o paradeiro da vida e quem ficou de vigiá-la, mas o certo é que não há respostas nos céus nublados. Talvez amanhã brilhe o sol.
Portugal celebra hoje os 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa. Para mim, Pessoa foi o poeta da verdade da vida. É com profunda alegria que percebo que a sua obra se tornou património, não só para Portugal enquanto país mas também para a grande maioria dos portugueses. Caro Fernando Pessoa, estamos gratos pelo seu enorme talento!
O Quinto Império
"Triste de quem vive em casa, Contente com o seu lar, Sem que um sonho, no erguer de asa, Faça até mais rubra a brasa Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz! Vive porque a vida dura. Nada na alma lhe diz Mais que a lição da raiz - Ter por vida a sepultura.
Eras sobre eras se somem No tempo que em eras vem. Ser descontente é ser homem. Que as forças cegas se domem Pela visão que a alma tem!
E assim, passados os quatro Tempos do ser que sonhou, A terra será teatro Do dia claro, que no atro Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade, Europa - os quatro se vão Para onde vai toda idade. Quem vem viver a verdade Que morreu D. Sebastião?"
Fernando Pessoa Texto retirado da terceira parte da obra «Mensagem» - O Encoberto (I. Os Símbolos).