Eis o que acontece quando alguém se lembra de fazer uma versão audível e apreciável de uma música de Justin Bieber ou, como prefiro chamar-lhe, Justino Bieberão (nunca o título esteve tão bem adequado relativamente ao que escrevi!).
Este ano foi bastante complicado escolher a melhor cover de 2016 e, por isso mesmo, não temos uma mas sim duas versões no 1.º lugar deste top, ex-aequo. De um lado está uma jovem artista ainda no começo de carreira, Gordi, que soube trabalhar com mestria a canção 'Avant Gardener', da não menos jovem Courtney Barnett. Admito que esta não é uma das minhas canções favoritas de Courtney mas na voz de Gordi fica magistral. Descobri esta artista por acaso no Spotify (where else?!) e fiquei fã. O verdadeiro nome dela é Sophie Payten, tem 23 anos e é de Sydney. Esta é também uma das boas descobertas de 2016. Por outro lado temos uma artista já muito reconhecida e acarinhada pelo Mundo fora. As suas excelentes capacidades vocais são inegáveis (e, por vezes, até um pouco anormais para um ser humano) e estão comprovadas no Youtube pelos vídeos das suas actuações ao vivo. Falo-vos da mestria de Florence Welch que este ano deu voz a um clássico que eu adoro: 'Stand By Me', uma canção original de Ben E. King, lançada nos anos 60 do século XX. A versão de 'Stand By Me' dos Florence + The Machine foi gravada para o jogo de acção Final Fantasy XV e faz parte de um conjunto de versões pensadas pela banda para esse jogo. De todas esta é sem dúvida a melhor (e olhem que uma delas, a 'I Will Be', tem samples dos The xx, daí que podem perceber como gostei deste 'Stand By Me').
Alguém tem outra sugestão para a melhor cover de 2016?
O Sr. Inominável fez das suas outra vez. Escolheu um clássico e decideu reviver tempos antigos, tempos bons. Assim que ouvi este "Foi Por Ela" fui transportada para a minha época musical favorita, tempos que não vivi mas que são os meus predilectos musicalmente falando (80's Forever!). O início desta versão faz-me lembrar Heróis do Mar. É imediato! E isso não é mau, pelo contrário. A versão original da música é da autoria de Fausto Bordalo Dias e é, efectivamente, uma belíssima composição.
Claro que toda esta nova versão é muito ao estilo do duo vianense e traça um caminho distinto da versão original. É isso que se quer. O Sr. Inominável está lá, bem presente. Mas como é bom poder olhar o passado com sinais tão claros de que há futuro! Um futuro de contemplação.
Até o vídeo é de outros tempos, embora retrate a viagem do duo a Lisboa para o concerto do Musicbox. Eu estive lá (o Few days on land, portanto)!
O Few days on land contribuiu para este vídeo. Nem acredito. Estou feliz da vida por ser parte de um vídeo tão incrível! É uma honra ver aqui imagens captadas por mim no concerto do Sr. Inominável no Musicbox (fotografias do concerto aqui).
O mítico Jeff Buckley deixou-nos uma cover de "Just Like a Woman" (o original pertence a Bob Dylan) e agora a versão tem um vídeo interactivo, numa história de amor que passa por várias fases e que tem o seu rumo determinado por nós.
Esta bela ideia, desenvolvida pelos estúdios de design Blind e Interlude, serve de promoção ao disco póstumo do cantor e compositor, prodígio que perdura na nossa memória. You and I integra 10 canções, entre covers e originais (os únicos conhecidos na altura), gravadas em 1993 pela Columbia Records. Há covers de The Smiths ou Led Zeppelin, por exemplo, e a primeira gravação em estúdio de "Grace". O disco foi lançado a 11 de março deste ano.
Acreditem que não se vão arrepender de criar o vosso enredo para esta história enquanto contemplam a lindíssima voz de Jeff Buckley, que muitas saudades nos deixa.
A melhor cover de 2015 não é de uma música lançada este ano e nem precisava ser. Não há critérios pré-definidos - além da cover ser produzida em 2015 - e a música até podia ser dos anos 20. Interessava é que estivese cá uma publicação dedicada à versão que se destacou este ano, porque é já uma tradição do Few days on land, quando chegámos aos últimos momentos do ano. Tenho escrito sobre várias versões de músicas ao longo do ano, mas este post é especial.
A melhor cover de 2015 chega-nos através de duas irmãs, Lennon & Maisy, com vozes angelicais. A irmã mais nova chega a ser incrível tanto a solo como nas harmonias, mas ambas têm um estilo muito cool e transformaram completamente 'Boom Clap' de Charli XCX. A música é bastante conhecida e passava praticamente a toda a hora em algumas rádios portuguesas, o que faz com que pelo menos o refrão estejamos preparados para cantar em coro. Estas irmãs lembram-me as cantorias que eu e a minha irmã fazemos, só que elas têm um talento natural para a música, nós só estragámos canções. Nunca cantámos a 'Boom Clap' mas tenho a impressão que não ia soar nada próximo disto. Ia ficar bem distante até. Lennon & Maisy trouxeram mais e simplicidade à canção. Era evidente que esta música preicsava disso e eu aprecio muito esta versão ser "só isto". Elas, em pé, a cantar, a bater palmas, sempre serenas e como são loiras parecem dois anjinhos. Já falei das harmonias?! Excelentes! Gostei e tive de partilhar convosco.
Esta música integrou a banda sonora do filme The Fault In Our Stars, uma adaptação de um livro de John Green com o mesmo nome. O livo catapultou o autor para a fama mundial, trazendo-lhe a popularidade que alcançou depois o filme. Só isso já seria razão suficiente para o sucesso de todos os aspectos que rodeiam este filme junto dos seguidores do autor e das camadas mais jovens, um pouco por todo o mundo. Mas o original de 'Boom Clap' deixa a desejar, na minha opinião. O sucesso da música fala por si mesmo e é perceptível que há mais pessoas a considerar o contrário. Na versão original gosto do refrão, pop puro, bastante melódico e de ritmo marcado. Nota-se menos os graves fraquinhos de Charli XCX que pautam os momentos intermédios e mais calmos da canção.
E vocês... Têm preferência por alguma versão que ouviram em 2015?
Se pensam que venho falar-vos de 'Uptown Funk', a música do Verão - quiçá do ano - estão enganados. Não que não seja uma boa música, mas porque Mark Ronson fez algo ainda melhor. Daí eu achar que este senhor foi capaz de reinventar um conceito tão forte como genialidade. Ora vamos lá descontruir esta ideia...
Ser genial, musicalmente falando, não é só compor bem e escrever ainda melhor. Ser genial é fazer tudo isso e, ao mesmo tempo, saber escolher com quem se trabalha ao longo de uma carreira que se quer variada, com criações que espelhem diversos trilhos musicais - os mais conhecidos e os que estão por descobrir. No fundo, o artista deve contruir um caminho rico, multifacetado, que não se limite a um só estilo musical. Aí é que os verdadeiros fãs podem perceber as capacidades do seu músico/banda de eleição (não sei se isto faz sentido para vocês, mas é a minha opinião). E Mark Ronson é um exemplo disso mesmo. Com uma carreira preenchida de sucessos, tem ganho vários prémios e já trabalhou com nomes importantes da cena musical internacional que se incluem em géneros musicais diferentes, não só como músico mas também enquanto produtor: Amy Winehouse, Kaiser Chiefs, Lily Allen, Adele, Bruno Mars, Macy Gray, Robbie Williams, são apenas alguns dos nomes a mencionar.
No início de 2015, Ronson lançou o disco Uptown Special e, dado o seu percurso musical, fica claro que podia escolher juntar-se a quem quisesse para executar as suas músicas ao vivo. Era muito fácil fazer a escolha errada que ele não fez. Foi 'Uptown Funk' que marcou o nome deste artista nos lugares cimeiros dos tops de todo o mundo este ano mas, enquanto isso acontecia Mark Ronson preparava uma surpresa incrível para a edição deste ano do festival australiano Splendour In The Grass, realizado em Julho. O músico e produtor estava concentrado em levar a palco um dos melhores conjuntos musicais que o mundo já viu/ouviu e que, não sendo uma banda na verdadeira acepção da palavra, mostrou que não era difícil tornar-se uma das melhores bandas de sempre caso fosse esse o objectivo.
Mark Ronson convidou Kevin Parker, dos Tame Impala, Andrew Wyatt, dos Miike Snow, Kirin J Callinan - músico a solo que eu não conhecia mas assim que fui ouvir algumas das músicas que compõe a sua obra tornei-me fã - para além de outros nomes como Daniel Merriweather, Theophilus London e MNDR, para citar alguns, para uma mini tour de apresentação do mais recente trabalho. O disco Uptown Special é estrelado por todos eles, mas convenhamos: deve ser muito difícil convidar estes nomes para uma tour, ainda que "mini", sendo que grande parte deles têm tours com as bandas de origem.
As revistas internacionais da especialidade apelidam a equipa da tour de Uptown Special de "all-star band" ou "one-of-a-kind live crew" (fonte), designações com as quais concordo. Para os fãs de Queens Of the Stone Age, deve ser fácil perceber a genialidade que para aqui vai, com tanto talento por metro quadrado. Lá está: genialidade. A inteligiência que é preciso ter para conseguir alcançar tudo isto merece ser destacada e louvada. E é fácil porque está à distância do Youtube mais próximo de si, através de uma magnífica cover de 'I Sat By The Ocean'. Também podemos ver que a performance desta banda de topo no festival foi incrível. Quem não dava o mundo para assistir a tamanha genialidade? Vejam por vocês mesmos... Vão adorar!