O melhor pôr-do-sol do mundo
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Ricardo Lemos e Pedro Rio-Tinto são um só senhor. Inominável, é certo, mas um Sr. Diz-se que não se lhes pode atribuir nome e nem é preciso. Entre eles - dois cúmplices - e deles para nós fala a música carregada de inspirações pop rock e de electricidade. A carga instrumental é acentuada, mas suavizada pela voz que canta as coerentes palavras que nos contam estórias um tanto ou quanto sentimentais. Logo aí está ganho o dia, porque é disto que deveriam viver os músicos em Portugal.
"Sr. Inominável carrega histórias.
quer amar e ser amado.
está contente, está triste.
é desconcertante, é confuso.
é mordaz. é irónico".
por Sr. Inominável
O Sr. Inominável nasceu no Verão de 2011, em Viana do Castelo. O nome do projecto é inspirado em Samuel Beckett já que, e citando a opinião dos elementos da banda, "não há lugar para conclusões finitas sobre o que somos, ou sobre o que nos acontece, o que existe é espaço para nos regozijarmos da condição em si". Muito filosófico, bem sei, mas percebe-se a inspiração moderna que emana do autor que inspirou tão intrigante nome.
Não fossem estes senhores naturais da melhor terra do Universo e não estávamos aqui a falar deles. Mentira. Aqui o que importa é que a qualidade musical fale por si e isso verifica-se. Não há como ouvir os Sr. Inominável e não querer partilhar cada recanto sonoro da sua obra com todas as pessoas que têm gostos musicais semelhantes aos nossos. Somos portugueses e, como tal, convém gritar aos sete ventos que "estes sim são os melhores de sempre". Para mim isto ainda funciona melhor porque estou sempre a gabar-me de quão maravilhosa é Viana do Castelo. E nestes momentos em que me dão razões para tal então... Ninguém me atura!
Este encontro de Ricardo Lemos (letras, voz, guitarra e teclas) e Pedro Rio-Tinto (guitarra-baixo e coros) correu às mil maravilhas e é claro que o amor se apresenta como a tónica da existência humana. "O amor como ponto de partida e de chegada", dizem eles. O amor no seu mais puro estado e como espelho de situações reais, digo eu.
De tudo o que ouvi e li sobre a banda gostaria de destacar duas coisas. Primeiro, as letras, como é óbvio. Quem costuma visitar o Few days on land sabe que dou muita importância à construção das letras e às histórias que as bandas vão contando através das suas músicas. Não gosto de letras previsíveis, escritas com o único intuito de rimar, com conteúdos banais. Mas as letras do Sr. Inominável não são nada disso: há histórias, há vida e amor e há, sobretudo, o conteúdo que estimula a reflexão e com o qual é fácil criar empatia. Identificámo-nos com a realidade descrita por eles. É isto que eleva determinada canção a mais do que um instrumental até bonito mas oco. E eu gosto muito da escrita do Sr. Inominável. Se só por isso já mereciam os parabéns, gabo-lhes ainda este rock "ligeirinho" de apontamentos pop, que equilibra o poder da bateria e das guitarras com uma voz perceptível e harmonizada com os restantes elementos introduzidos nas canções. É difícil encontrar bandas portuguesas que falem connosco. E esta fala. São decididamente a grande esperança da música alternativa daquela cidade minhota.
Melhor Letra - "Perfeito Acaso":
D'Estalo é o álbum de estúdio dos Sr. Inominável, gravado em 2014 no Trovoada Estúdio, em Viana. São 9 canções originais que chegam até nós quatro anos depois do início desta banda como o culminar de uma aventura demorada mas que soube amadurecer. Uma "contundente afirmação do Sr. Inominável", como os próprios elementos a descrevem. Basta ouvir a diferença entre a versão da música "Correr por aí" apresentada no EP, lançado em 2013, e a que agora figura entre o alinhamento do D'Estalo. É claramente uma versão melhorada, que cresceu com o tempo.
O primeiro EP de Sr. Inominável foi lançado em 2013. "Corre Por Aí", "Fora de Prazo" e "És Assim, És Assado" eram os temas incluídos neste pequeno anúncio, neste presságio do que seria o disco D'Estalo. Ainda em 2013, a dupla integrou o leque dos Novos Talentos FNAC - colectânea anual articulada por esta cadeia de lojas de bens culturais - com o primeiro single "Fora de Prazo".
Já há videoclip e é bem jeitosinho:
"Corre em surdina que perdeste a cor
Corre na minha sina para onde eu for
Que és a minha melhor canção
O berço preferido do meu coração."
Das músicas antigas importa destacar:
Imaginem o orgulho que é poder dizer que este Sr. Inominável é da minha terra. Já sabem que na minha opinião é sempre bom conhecer novos talentos musicais, mas quando percebo que pessoas que vivem "mesmo ali ao lado" podem chegar tão longe com o seu trabalho... Fico na expectativa de perceber o que o futuro lhes reserva. O mesmo se passa com esta banda. Aqui têm mais uma fã!
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Imagens retiradas de Tumblr - Sr. Inominável.
Querida Tátazinha,
Partiste há um ano e ainda assim os meses, os dias, as horas, os minutos e os segundos não passaram. Aqui estou: no mesmo local, ainda a escrever e a ouvir a notícia da tua passagem vezes e vezes sem conta a ecoar na minha cabeça. Tudo o que se seguiu foi a personificação do pânico, do medo de imaginar um mundo sem ti e ao mesmo tempo tentar compreender a tua ausência. Não compreendi e até hoje não acredito num futuro em que possa compreendê-la. Recordo a minha imediata preocupação em lembrar-te nos teus melhores e piores momentos, nos teus mais pequenos pormenores. Eras pequenina, é verdade. Mas poderia passar um dia inteiro a enumerar os múltiplos pormenores que durante os 14 anos da tua existência te tornaram num dos melhores seres vivos que já habitou este planeta.
De verdade, nunca conheci nenhum ser vivo com uma capacidade de exposição solar tão grande. Se deixássemos ficavas 24 horas ao sol (mais horas houvesse). O teu grande problema sempre foi o sono, mas tu fazias tudo ao mesmo tempo. Fora se série, portanto. Eras a cadela dos sete ofícios: ladravas, mostravas os teus dentinhos de plástico a duas/três pessoas por dia (inclusivé donos, para as típicas brincadeiras de uma mini cadela), perseguias moscas, brincavas com a tua grande amiga Bolinhas, sabias perdir comida como ninguém e eras um excelente garfo - aliás, não só o garfo mas também a faca... Lá isso comias de tudo. O verbo era comer, o quê não interessava nada. Lado a lado com este verbo, estava o do sétimo ofício, e aquele que mais prezavas: dormir.
Ao longo deste tempo, enquanto processo a tua perda, tenho tentado tranquilizar a minha consciência, acreditando que fiz tudo o que podia por ti. Sei que os restantes elementos da nossa família lutaram por ti e pela tua sobrevivência até ao teu último suspiro. Mas o facto de estar tão longe e de saber que não estive presente e não pude ajudar, não se resolve comigo. Não há pontos positivos em estar praticamente todo o ano tão longe de casa, isso é certo. É nesses momentos que recordo o nosso momento de despedida, aquele momento em que tive a certeza de que seria a última vez que olharia para os teus pequenos e tão belos olhos. Sei que sentiste o mesmo e acredito que tenhas percebido que a ideia de viver sem ti era insuportável, como ainda é. Desculpa minha pequenina. Desculpa eu não saber viver comigo sem ti.
Sempre que falo de ti, falo no plural. Nós. Seremos sempre nós. Tu e eu, tu e cada um de nós, tu connosco, porque é essa a única forma de sermos uma família, para sempre. Eterno é também o nosso amor por ti e as recordações de tantas vivências conjuntas. Estiveste sempre lá para nós e essa entrega foi mútua. Sentíamos que eras grata pelos nossos gestos de carinho, mas esperamos que saibas que esses gestos eram o mínimo que podíamos fazer como reconhecimento pela tua amizade, pelo teu companheirismo que foi sempre o mais leal e sincero possível. Puro, como o teu coração. Esse teu lindo coração que enternecia qualquer pessoa que te conhecia. Esse coração sensível e meigo. E como tenho saudades desse coração, minha Tátazinha...
Não gosto quando me dizem que a vida começa e acaba para os animais, da mesma forma que acontece com as pessoas. Bem sabes que não gosto nada que me apresentem justificações baseadas em verdades universais, principalmente nestas alturas. Que a vida começa e depois um dia acaba já eu sei, não preciso que estejam constantemente a repeti-lo. Também sei que estavas doente há algum tempo e que "muito tempo aguentaste" com os teus problemas de saúde. Mas, e por isso, devo ficar menos triste quando uma das minhas companheiras de vida deixa de habitar o mesmo mundo que eu? Devo aceitar sem questionar tudo isto? A existência, os momentos, as recordações... Devo juntar tudo, guardar numa caixa e seguir em frente? Sabes que não sou assim. Sabes que não acredito que alguém consiga amar assim.
Este ano foi difícil. Lidar com a ausência é uma coisa, lidar com o fim da existência é outra. É o fim. Continuo a lembrar-me de ti todos os dias, sem deixar de lado os mais pequenos pormenores, porque sei que te perdi e que nunca mais vou saber o que é dividir este mundo contigo. Mas relembro-me de ti e dos nossos momentos diariamente porque se há algo que percebi ao longo deste ano é que mais triste do que perder é esquecer. E eu não quero que esqueças que te amo, minha amiga. Amo-te da única foma que sei: com tudo o que sou.
Sinto que a saudade é eterna e, ainda assim, sei que não posso pedir-te que voltes. Partiste e não há volta a dar. Partiste e até hoje me dizem "acabou, esquece isso". Como se de um "foi tudo muito bonito mas acabou" se tratasse. Como se bastasse adoptar um animal novo, que tudo voltaria a ser o que era. Errado. Sinceramente, nem percebo como é que alguém acredita nisso! Sei que vou ter outros animais, que vou amá-los e que eles vão tornar-se meus amigos também. Mas tu sabes, tal como eu sei e como toda a nossa família sabe, que é difícil amar assim, com esta entrega e preocupação, com este carinho. No fundo, amar como ainda hoje te amo: como se nos tivéssemos visto há dez minutos, quando fui fazer-te festinhas ao ninho porque passas o dia todo a dormir e já mal consegues levantar-te.
Não sabes ler, estou ciente, mas podes ouvir. Sei que nesse prado verdejante onde corres com a Bolinhas - e onde dormes milhentas horas também porque isso está no teu ADN - consegues ouvir-me a ler esta carta só para ti, com um amor que misturado com tamanha saudade se traduz em lágrimas. É duro estar triste, mas ter saudades é devastador. Preparam-nos para tanta coisa na vida, inclusive para a perda, mas ainda ninguém percebeu que precisamos de ser preparados para a dimensão que a saudade pode atingir. Dou por mim a rezar por mais um momento contigo, ainda que este não seja mais do que ver-te ao longe. Só quero ver onde estás, porque sei que estás. Serás sempre parte de nós.
O nosso amor é eterno, Táta.
Da tua família.
O jazz é o som característico de New Orleans e ninguém disse que não podia ser de Viana do Castelo também. Ficou provado no último dia da 24.ª edição do Festival Jazz na Praça da Erva, que o jazz cai bem a Viana do Castelo. Cada vez melhor.
Este ano, o festival contou apenas com projectos de origem portuguesa. Sou suspeita para falar (porque é um dos géneros que mais gosto) mas por lá apresentaram-se músicos de enorme qualidade, diga-se. Na verdade... Os concertos naquela praça são sinal de sucesso, de boas memórias e bons momentos passados nas noites relativamente quentes da cidade.
O festival realizou-se entre os dias 6 e 8 de Agosto, mas há no primeiro concerto do último dia vários pontos de interesse a destacar. Em primeiro lugar a presença de um músico como o contrabaixista Carlos Barretto. Mítico contrabaixista português. Atenção: não acontece em todas as cidades, muito menos todos os dias. Mais uma vez sou suspeita para falar, porque sou fã - como sabem frequentei o ensino musical e durante esse tempo aprendi contrabaixo. Durante os meus estudos fiz um trabalho sobre Carlos Barretto e embora mais tarde tenha abandonado o meu percurso musical nunca deixei de acompanhar o percurso musical do contrabaixista português. Sem dúvida, um dos melhores performers e conhecedores de contrabaixo e jazz que o nosso país já conheceu. Depois, a conjugação do som do contrabaixo com o guitolão, instrumento musical idealizado por Carlos Paredes. Há apenas três exemplares deste instrumento no mundo, segundo Gilberto Gráci, o constructor desta "evolução da guitarra portuguesa". Trazido a Viana do Castelo por António Eustáquio, o guitolão resulta muito bem neste espetáculo, conjuntamente com o contrabaixo. E fiquei fã também. Tão fã que comprei o CD que o duo gravou. Esta gravação foi possibilitada pela residência artística de ambos no Ciclo de Jazz das Aldeias do Xisto (quem quiser saber mais sobre o disco e/ou adquiri-lo, pode fazê-lo aqui).
Portanto... O que posso dizer é que não devemos perder oportunidades de ouvir boa música num cenário idílico. Podemos surpreender-nos mesmo quando já esperamos o melhor.
Todos vocês que seguem o que vou escrevendo aqui, conhecem a minha admiração pelo Norte do país. Pelo Minho, mais precisamente. Tenho um orgulho enorme da cidade onde cresci, mas isto já nem se trata apenas da minha cidade. Trata-se deste país lindo que é nosso e onde podemos descobrir alguns dos locais mais bonitos do mundo, sem dúvida. Há certas paisagens, certas cores, certas formas que são só nossas. Cidades cheias de vida, de movimento, de memórias... Um tesouro estonteante à nossa espera. Este vídeo emocionou-me (como aconteceu quando vi um outro vídeo, realizado pela mesma equipa, dedicado a Viana do Castelo) e, por essa razão, decidi partilhá-lo convosco. Um magnífico trabalho da HD Mediascapes - High Definition Films!