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Few days on land

Um retrato do dia-a-dia de uma jovem de viagens quase sempre musicais e nem sempre coloridas.

Não sou do Sporting mas não gostei dessa!

Como é do conhecimento geral, eu não sou do Sporting. Mas um dos meus colegas de trabalho é. Dito isto e tentando contextualizar a história que vos trago, importa referir que hoje foi dia de regressar ao trabalho, depois do merecido e relativo descanso da guerreira que há em mim.

 

Assim que cheguei à minha secretária deparei-me com um saco do Sporting, que tinha um recado a dizer para não abrir o embrulho sem estar na presença do meu colega sportinguista. Era um presente, por ocasião do aniversário desta que vos escreve mas que, se serve de algo, já foi há algum tempo. Isto das férias impediu-me de chegar mais cedo à amável prenda, que tinha que estar de alguma forma relacionada com o clube leonino tal é o nível de discordância que temos relativamente à qualidade das nossas equipas. Para que conste, não gosto NADA do meu aniversário, portanto, o dia passa-me completamente ao lado.

 

Como podem calcular, para uma benfiquista ferrenha é difícil ver ali aquele saco e não poder deslocá-lo para o local mais distante do planeta. Contrariando as expectativas e uma vez que fazia parte da prenda, o saco está de boa saúde e recomenda-se.   

 

Aproveitando a necessidade de passar pelo supermercado para trazer duas ou três coisas que estavam a faltar cá em casa, levei-o a passear às compras. Percebe-se que as pessoas olham e que por um artigo tão simples como um saco definem os que "estão do nosso lado" ou os que integram as listas negras de "inimigos" futebolísticos por breves momentos, mas não fiquei preocupada porque ninguém disse nada - às vezes podia dar problemas, nunca fiando, como se diz na minha terra.   

 

Ia descansada na minha vida - como, de resto, agradecia que todos pudessem fazer o mesmo - quando saí a porta do supermercado e estava lá uma senhora, na casa dos quarenta e tal anos, que decidiu proferir a pior frase de que podia lembrar-se."Já não gosto mais de ti!", disse. Eu, irritada porque ninguém lhe perguntou nada, respondi: "também ninguém pediu para gostares". A senhora estava sozinha, portanto não podia estar a falar com o ar que respira. Para além disso, uma vez que tive que me cruzar com ela para abandonar o supermercado vi perfeitamente o olhar que ela fez quando olhou para o saco - volto a referir que era um simples saco de plástico e que já ninguém repara nos sacos que as outras pessoas levam às compras para não ter que pagar por eles.   

 

É assim minha gente: se há coisa que não gosto é que se preocupem mais com a vida dos outros do que com as compras que têm para fazer. Se a senhora não me conhece de lugar algum porque é que falou comigo? Sinceramente, não compreendo. Para dizer aquilo mais valia estar calada. Ela ganhava mais tempo para as compras e eu ganhava sossego porque estas coisas de comentar a vida dos outros sem pedir permissão deixam-me a pensar no quão aprimorada está a inconveniência dos portugueses. Eu não sou do Sporting, mas não gostei dessa! 

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