Bruxelas: as cinco igrejas obrigatórias no roteiro turístico
Este ano decidi visitar Bruxelas com as minhas amigas nas férias, uma girls trip à capital da política europeia, portanto. E tinha tudo para começar a falar-vos da viagem pela visita ao Parlamento Europeu ou pela beleza e o encanto das praças repletas de pessoas de várias nacionalidades a conviver, pelos belíssimos parques e os incomparáveis museus (havia mais adjectivos para descrever cidade tão bela e interessante, como estes, mas com o tempo lá chegaremos). A verdade é que isso é o mais normal e não me apeteceu ser normal num post tão importante para o blogue (mais informações no final).
De facto, as igrejas não têm o destaque que merecem nos guias turísticos, talvez porque se quer é ver os locais onde toda a gente vai. Ora, ainda bem que os turistas vão para os sítios mais concorridos. Assim posso visitar as igrejas com o devido silêncio e, acreditem, esta apreciação de arte sacra em silêncio pode dar-nos momentos verdadeiramente emocionantes.
Cathédrale des Saints Michel et Gudule
(Rue du Bois Sauvage - visita gratuita - mais info)
Estão a ver aquela suposição que fiz no parágrafo anterior sobre o facto de não serem muitos os turistas a visitar as igrejas? Bom, não se aplica totalmente à Catedral de São Miguel e Santa Gúdula. Na verdade, esta é das poucas que está nos guias e cuja visita é amplamente aconselhada mas o sucesso é no exterior e não no interior. Não sei se as pessoas têm problema em entrar em locais religiosos ou se acham que não vale a pena. Bem, uma selfie com um monumento desta magnitude e imponência é outra coisa, certo? Está bem, mas perderam o seguinte:
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A imponência do edifício conjuga-se na perfeição com o detalhe e a precisão dos vitrais. As cores, as histórias refletidas, as personagens biblícas... Que beleza! Depois, a magnitude dos órgãos de tubos, tão bem tratados que parecem novos, as estátuas dos apóstolos e, em particular, a estátua em ouro de São Miguel Arcanjo, santo padroeiro da igreja e da cidade de Bruxelas, são outros aspectos da catedral a conhecer. Definitivamente. As primeiras movimentações para a sua construção são do século VIII - acredita-se que foi nesse século que uma pequena capela foi construída, dois séculos mais tarde foi alterada para uma igreja do estilo românico e no século XIII foi então começada a construção da catedral com a dimensão que apresenta hoje. Estas alterações apenas ficaram concluídas no início do século XVI. A catedral é um exemplar do estilo gótico.
Église Notre-Dame au Sablon
(Rue des Sablons - visita gratuita - mais info)
Não é tão magestosa como a Catedral de Notre-Dame de Paris, mas o certo é que tem ligeiras semelhanças, em ponto pequeno daquela catedral. A Église Notre-Dame au Sablon também é do estilo gótico - construída no século XV - e é, sem dúvida, um ponto de visita obrigatório.
Para além dos tectos altos e das arcadas imponentes, trabalhadas com todo o requinte, os vitrais são magníficos e são do mais semelhante à Notre-Dame de Paris possível. Mesmo. A escala é completamente diferente mas, ainda assim, os corredores faziam lembrar Paris. Relativamente à terceira fotografia penso que não será preciso dizer muito mais. Vocês já perceberam quão majestosos podem ser os órgãos de tubos em Bruxelas, correcto? E brilhantes, já disse? Pronto, é isso.
Église de Sainte-Marie-Madeleine
(Rue de la Madeleine - visita gratuita)
A Igreja de Santa Maria Madalena tinha um folheto em português que começa com a frase "ao entrar pela primeira vez nesta igreja sentirá a calma e o recolhimento deste lugar de dimensões harmoniosas". E não é que é verdade? A igreja está localizada numa zona central da cidade, lado a lado com um bairro populoso, com crianças a brincar na rua, com alguns bares nas redondezas e esplanadas repletas de pessoas, galerias de arte... É bom estar num local calmo depois de passar por tanta confusão.
Mais uma vez um órgão de tubos absolutamente impressionante - juro que não sei com o que é que o limpam ou que tipo de dieta lhe aplicam mas este órgão de 1958 parece novinho em folha - , a arquitectura é mais simples mas os belos, compostos e coloridos vitrais não faltam, já para não falar no altar dedicado a Santa Rita.
Segundo o panfleto, a igreja é das mais antigas da cidade - a sua construção é do século XIII, sendo que sofreu diversos acrescentos e outras tantas alterações: as naves laterais, a fachada e o campanário são do século XV, o portal exterior do século XVII (época barroca) e registou também alterações de estilo gótico inglês no século XIX. As últimas remodelações são de meados do século XX.
Église de Sainte-Catherine
(Place Sainte Catherine - visita gratuita - mais info)
Bem, da visita à Igreja de Santa Catarina tenho algumas das melhores memórias desta viagem. Tivemos o privilégio de assistir à missa da tarde e posso garantir que foi um momento muito emocionante. Não tenho como descrever porque foi algo transcendental, uma energia completamente diferente. Para além de que o monumento em si é belíssimo de tão simples que é. Gostei imenso da águia dourada como púlpito e do órgão de tubos que só não aparece nas fotografias porque ia ser só mais do mesmo. Os belgas respeitam, dão valor e sabem conservar o seu património. Uma salva de palmas (fora da igreja, por favor)!
Para confirmar que este foi um daqueles dias muito mas mesmo muito bons, a esta visita seguiram-se os momentos mais hilariantes não só da viagem como possivelmente do ano. Rir é tão bom e se for com (e dos) amigos então...
A construção da igreja actual data de meados do século XIX (já existia uma igreja em honra de Santa Catarina noutro ponto da cidade), sendo que o edifício substituiu outro do século XV. Os construtores, Joseph Poelaert e Wynand Janssens, conjugaram os estilos romano, gótico e renascentista.
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Église Saint Jacques-sur Coudenberg
(Place Royale - mais info)
Já vos disse que fiquei impressionada com as igrejas belgas? Com todas? Não? Pronto, já está! Não as posso colocar todas no blogue porque senão nem amanhã saíamos daqui (e se vos disser o tempo que levei a escrever este post não vão acreditar...). Escolhi a Église Saint Jacques-sur Coudenberg para terminar porque achei que no capítulo das igrejas simples mas com bastante significado para a história da cidade é assim a mais magnífica.
A igreja foi construída nas proximidades de uma antiga igreja do convento gótico da abadia de Coudenberg, mais precisamente na Place Royale, uma das mais bonitas da cidade, rodeada de locais culturais. Com uma fachada inspirada num templo romano, a sua construção aconteceu entre 1776 e 1787 e é do estilo neoclássico.
Pode parecer contraditório o sentimento de querer que mais pessoas visitem estas preciosidades arquitectónicas e, ao mesmo tempo, agradecer por poder visitá-las em sossego e, de facto, é. Mas era bom que as pessoas quisessem saber e apreciassem mais a arte sacra em silêncio, com muita calma e tempo. Eu tive essa sorte e ficam as memórias das emoções incríveis que vivi.
Agora contem-me: gostaram das fotografias? Já tiveram oportunidade de visitar alguma destas igrejas? Qual a vossa favorita? Fico à espera desse feedback!
P.S. Esta foi a publicação 1000 do Few days on land. Obrigada a quem continua desse lado, ainda que as ausências sejam muitas vezes prolongadas.