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Few days on land

Um retrato do dia-a-dia de uma jovem de viagens quase sempre musicais e nem sempre coloridas.

Uma música, três versões: "Last Christmas" // it's christmas time

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É Natal, é Natal. É a época de andar pelos centros comerciais ou pelas ruas da cidade e ouvir músicas de Natal em todos os lugares. Fazem-se playlists para animar convívios, preparam-se karaokes para entreter os mais crescidos na noite de 24 para 25 e criam-se belas obras de arte a partir de obras igualmente artísticas como forma de revitalizar e dar um cunho pessoal a canções sobejamente conhecidas (permitam-me a utilização da palavra cara porque é Natal e é permitido sonhar com coisas um bocado mais expansivas, ou não, tanto dá). "Last Christmas" é uma das músicas mais replicadas a cada época natalícia. Se não é A música do Natal. A verdade é que ao fim de tantos anos ainda conseguir ouvi-la do início ao fim, cantá-la, dançá-la... Só pode querer dizer que somos verdadeiros fãs do Natal. Por isso, escolhi um conjunto de três versões (e uma versão presente) de uma das minhas músicas de Natal favoritas.

 

Versão original

 

 

Versão synth-pop

 

 

Versão folk

 

 

E, como é Natal, uma versão presente: a versão barroca

 

Álbuns de 2017: Afterglow, de Ásgeir

O mundo conhece-o pelos hits do seu disco de estreia, In The Silence (2014): "King and Cross", "Going Home" e "On That Day" foram verdadeiros sucessos nas plataformas digitais na Europa e na Austrália. Mas Ásgeir tem provado ser capaz de reinventar-se. E Afterglow é a confirmação daquilo que afirmei em 2014 quando falei dele aqui no Few days on land: os falsetes são a sua implacável arma e enquanto continuar a fazer uso dela, ninguém o vai conseguir derrubar. O misto de pop e folk com intermitências de electrónica e um aqui e ali de sotaque islandês combinam perfeitamente com a sensibilidade, a fragilidade e a verdade das letras. Acho que é mais um disco bem conseguido, dentro do estilo em que o artista já se afirmou e que me agrada. Considero que este é um dos melhores álbuns de 2017.

 

"Afterglow", faixa que dá nome ao disco, abre as hostilidades e confirma-se: assim que ouvimos a voz de Ásgeir, ouvimos falsetes. O refrão é todo ele num tom extremamente agudo, bastante improvável de alcançar pela maioria dos comuns mortais. Impressiona é perceber que ele canta assim ao vivo. Portanto, presumo que tenha seguido os meus conselhos, claro só que não.

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As músicas seguintes, "Unbound" e "Stardust", foram o primeiro e segundo singles apresentados, respetivamente. Depois de escutado o álbum, temos a certeza que neste patamar musical Ásgeir não corre riscos. Manteve a fórmula que o levou a figurar nos tops musicais de vários países europeus, embora me pareça que este disco não foi tão bem recebido como o anterior. Eu gostei. É um daqueles álbuns que quando ouço, tenho de ouvir de fio a pavio. É um disco que acalma, que faz pensar na vida. As letras fazem sentido e podemos facilmente identificar-nos com as histórias que nos são cantadas. 

 

As letras têm algo de complexo: expressam sentimentos através dos elementos - fogo, ar, terra e água. Nota-se em "afterglow, magic show/ shine across the earth tonight,/ shimmering over the ocean" e nas expressões "land, wonderland" e "river of light" que vai utilizando ao longo da primeira canção do disco. Fica evidente a sua ligação a algo mais espiritual quando fala em luz e relacionando-a o mar: "me, I’m a watercolour washing off/ into the deepest sea./ Though my soul may set in darkness,/ it will rise in light" ("Stardust"). O mar, as ondas, os céus e a neve servem para contar histórias. Tudo isto fica mais evidente em "Here Comes The Wave In". Ásgeir refere-se a "skies of grey", a "fresh air", e o refrão começa com "here comes the wave in/ let the water even everything". "Birds that sing", "morning light", "through the storm I travel in the night" ou "the wind that blows" são outras expressões e frases utilizadas nesta música. Acontece o mesmo nas músicas "Nothing", "I Know You Know" (onde fala do oceano e dos rios mais 30 vezes) e em "Dreaming" (quando fala nos "fields of green").

 

O factor sorte tem influência neste processo e não é pouca. A visão do artista é descrita por "luck will find me somehow" e "and then why do I worry/ odds are with me/ I am upon my journey/ untied I will be" ("Unbound"). Surge depois em "I Know You Know" uma quebra de confiança nesse sentimento com "why can't you see me/ feeling my luck wear thin".

Ásgeir não termina Afterglow sem depositar toda a esperança no amor, aquele de todas as formas e que tudo cura: "love so pure and ever true/ mends your heart and leads you through" ("Dreaming").

 

Uma das faixas mais cativantes do disco é "Underneath It", onde as guitarras fazem um solo bastante melódico e aparecem depois harmonias em perfeita comunhão:

 

 

"I Know You Know" é possivelmente a cançãos mais up beat do disco, é dançável e ao mesmo tempo serena no tom e na melodia. Com falsetes e mais falsetes, seduz pelo ritmo mas a letra também é muito bonita.

 

 

Faltava o apelo ao romantismo e à melancolia? Não falta mais. Podíamos falar da calma e reflexiva "Fennir Yfir" mas na minha opinião é na "Dreaming"  que se concentra o jovem mais sonhador do mundo. E se dúvidas houvesse, a música termina com "I follow every line that leads to you". Fica claro.

 

 

O disco está disponível nas plataformas digitais e foi disponibilizado por completo no Youtube pelo que não precisam de gastar dinheiro para ouvi-lo. Eu comprei a versão deluxe porque era um disco que queria guardar (havia na FNAC portanto não é um artista desconhecido para os portugueses).

 

 

Conhecem o artista? E este álbum? quais as vossas considerações quanto ao que leram e ouviram? Espero pelo vosso feedback!

 

Nome de Código: Husky

Se me perguntarem o que ando a ouvir e eu responder "husky" provavelmente a primeira coisa que irão pensar é que em vez de andar a ouvir música, ouço latidos de cães de porte médio, pêlo branco (às vezes pintalgado de castanho ou preto) e de olhos azuis. Mas, na verdade, o que ando a ouvir é uma banda australiana que conjuga da melhor forma o indie, o folk e o rock nas suas criações musicais. Husky Gawenda (vocalista/guitarrista), Gideon Preiss (teclados), Evan Tweedie (baixista), Luke Collins (baterista entretanto substituído por Arron Light, embora este não faça parte do núcleo "duro" da banda actualmente) nasceram e cresceram em Melbourne onde, em 2008, acabaram por renascer enquanto Husky

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“It took a lot of will power to start singing my own songs

in front of anybody, but I was determined to do it,

because I always had the dream of playing music as my way of life.”

Husky Gawenda

 

  

Nome de Código: Ásgeir

 

O nome Ásgeir não parece muito composto. Após a primeira leitura temos a certeza de duas coisas: 1) este nome não é português; 2) só pode ser um nome com origens nórdicas. Certo? Sim, estão certos!

 

Ásgeir chega-nos da Islândia e é o nome do projecto musical de Ásgeir Trausti Einarsson, um jovem nascido em 1992 e que tem, portanto, 22 anos. O islandês nasceu em Laugarbakki e estava decidido a fazer história no panorama musical da Islândia escrevendo todas as letras na língua oficial do seu país. Um país obviamente pequeno demais para o seu talento. Ásgeir é dono e senhor de uma voz inconfundível, toca guitarra e piano e escreve as próprias canções, desde a melodia até à letra. O reconhecimento internacional tem crescido a olhos vistos desde que começou a escrever em inglês. Tenho para mim que Ásgeir Trausti compreendeu que para o comum dos mortais cantar em islandês ia soar como uma música de cassete que, para ouvir do início, tínhamos de puxá-la para trás e ouvir a música ao revés...