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Few days on land

Um retrato do dia-a-dia de uma jovem de viagens quase sempre musicais e nem sempre coloridas.

Álbuns de 2017: I See You, dos The xx

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O álbum I See You dos The xx foi lançado no dia 13 de janeiro deste ano. O áudio de "On Hold" já era conhecido e já havia vídeos de actuações da banda a cantar "I Dare You" e "Say Something Loving", ainda que em versões ligeiramente diferentes do original que isto de ser ao vivo não deixa perceber tudo da mesma maneira que a versão "limpa" para o disco. Do conhecido até então dava para perceber que duas coisas se iam manter: as letras apaixonantes e sinceras e as personalidades das vozes bem definidas. As restantes sete músicas tiveram de esperar pela data certa para chegar a público através do CD ou das plataformas digitais. O Spotify salvou-me de praticamente um mês de espera pela I See You Boxset, ou seja, a versão deluxe do CD e do vinyl, com três faixas bónus, mais um vídeo de uma das canções filmado pelos membros da banda e 3 fotografias topo de gama das gravações desses vídeos e do tempo que os The xx passaram pelos EUA nesse período. Assim que o disco chegou ao Spotify lá estava eu, pronta para não ouvir outra coisa até março (pelo menos). E não fugiu muito disso. No dia seguinte, nas minhas viagens de autocarro trabalho-casa/casa-trabalho escrevi um pequeno texto de análise ao disco que agora arrumo para vocês.

 

 

Um disco que abre com cinco notas de metais e que depois de dois segundos de silêncio deixa o baixo, entregue a Oliver Sim, e a percurssão, entregue a Jamie xx, tomar conta da ocorrência será certamente um bom disco, ainda que algo perigoso ou não fossem as primeiras palavras de "Dangerous", entoadas por Sim, "they say we're in danger". Logo se apressa a dizer que talvez não. Tenhamos fé nele que nunca nos desilude. A letra é uma das minhas favoritas de I See You, mas ouvindo o refrão a música parece-me ter artefactos demais. Há muito para tomar em atenção: ele são os sons dos metais, a percurssão forte, duas vozes, as sirenes... Pareceu-me too much para um refrão, mas tudo o que não seja o refrão de floreados, contem comigo para dançar e cantar. É de louvar a inclusão de outros instrumentos nas melodias. É já um dos pontos a favor do disco porque não é tradição no caso dos The xx, mas nesta canção foram do 8 ao 80 e isso assusta qualquer fã (mas eu gosto das experiências deles, ia correr bem!).

 

Quando ouvi "Say Something Loving" nesta versão já sabia praticamente a letra toda. Isto foi resultado da exaustiva pesquisa sobre o que se sabia até ao momento, ver todas as actuações ao vivo em programas, ver vídeos dos concertos que os fãs colocam online com o título "new song". Assim aqueles fãs desesperados por notícias e novas músicas como eu. Começa como uma música "tipo The xx", com as vozes Romy e Oliver a intercalar-se, a guitarra sempre muito influente e a letra que nos fala sobre o amor nas suas variadas formas. As samples e os arranjos de orquestra, desta vez com cordas, vão transformando a canção. 

 

 

As vozes de inspiração gregoriana tomam conta dos primeiros segundos de "Lips". Mais uma música que contrasta com os primeiros álbuns e que marca pela diferença. A influência de Jamie xx na banda é cada vez mais evidente. Não só na percurssão, como nas samples que vai introduzindo e que alteram por completo a dinâmica da banda. Neste caso, "Lips" tem um certo envolvimento de synth pop conjugado com funk, responsabilidade de Jamie xx, ele próprio, who else?! É uma música dançável, com bastante groove. Uma das minhas favoritas, tal como "A Violent Noise", embora esta última tenha uma componente introspectiva muito forte, talvez derivado à fase mais difícil que o Oliver atravessava quando a canção foi escrita. "Now I go out but every beat is a violent noise", não faz sentido? Eu identifico-me! Sobre a melodia não se pode dizer muito. Jamie xx tomou conta do espaço e brilhou. Acho que esta é uma daquelas canções que funciona muito bem com o Jamie mas se a percurssão fosse mais leve também não seria uma má canção.

 

O disco roda e segue-se "Performance", outra das minhas favoritas (já disse que sou fã número 1, não já?!). Esta é uma música à de The xx, do início ao fim. A voz calma e segura da Romy canta algo que entendemos como profundo, escrito que por alguém que tenta esconder o que sente: "I'll put on a performance/ I'll put on a show/ It is a performance/ I do it all so/ You won't see me hurting/ when my heart it breaks/ I'll put on a performance/ I'll put on a brave face". À guitarra e ao baixo apenas se sobrepõem ligeiramente arranjos de cordas, para dar aquele floreado de que falava no início, mas nada de exagerado. O mesmo acontece com "Replica", que nos lembra Coexist, o segundo disco. Nas vozes Oliver Sim dá conta do recado, muitas vezes optando por conjugar vozes mais agudas com outras mais graves, o que dá um efeito bem bonito visto que é um vocalista capaz de fazer ambas as vozes. Mostra-nos,mais uma vez, a sua versatilidade vocal. O clima emocional é embalado por uma melodia rica mas por uma letra triste. Para quem não sabe, Oliver Sim passou por um problema de dependência de álcool e esta canção é uma reflexão sobre o seu passado e o receio de ficar preso ao seu histórico familiar: "they all say I will become a replica/ your mistakes were only chemical/ 25 and you're just like me/ is it in our nature to be stuck on repeat?/ (...) Mirroring situations, accurate imitation/ Do I watch and repeat?/ And as if I tried to, I turned out just like you". "Stranger In a Room", escrita por Sim para o disco In Colours, de Jamie xx, parece ser a sua prequela. A música "Brave For You" podia muito bem ser a continuação de "Replica" mas desta vez é Romy que conta a sua história, ou não fossem eles escritores das suas próprias tragédias e felicidades desde o primeiro disco. A morte dos pais inspirou Romy que canta de forma muito emocional. Ao vivo é ainda mais "sofrida" a sua forma de entoar "when I'm scared/ I imagine you're there/ telling me to be brave/ so I will be brave for you/ stand on a stage for you/ do the things that I'm afraid to do/ I know you want me to". Mais emocional ainda é a versão acústica de "Brave For You" que é uma das faixas bónus do disco, a tal versão deluxe com direito a vídeo, e que foi gravada nos EUA.

 

 

 

De regresso às histórias de amor com "On Hold" e "I Dare You", ambas com uma melodia up beat, fortíssimas nos refrões (mas sem exageros) e com letras encantadoras. A personalidade da banda não se perde, fortifica-se. Com pequenos apontamentos, Jamie xx dá vida às canções, tornando-as dançáveis e próprias do verão, o que caiu muito bem a pessoas como eu que em agosto ainda ouviam o disco non stop. Outro facto que tenho a destacar é que me agrada particularmente que o Oliver cante cada vez mais as letras. Numa fase inicial ele não se assumia como lead singer mas agora tem mostrado que não tem problemas nenhuns com isso, prova de tal é que ele termina a música "On Hold" e uns segundos depois já está comprometido com "I Dare You". Esta última é praticamente voz. Não tem muito mais e nem precisa. Tem alguns pormenores muito específicos de guitarra, tal como é normal nos The xx, que nas versões que tocaram ao vivo não eram tão percetíveis. As duas estão no top 10 do grupo de músicas que o Spotify preparou para mim como as mais ouvidas este ano (e podia ser diferente?). A inovação em "Test Me" foi semelhante, ou seja, nenhuma. Isto agrada-me porque num disco que começa com tantas novidades de floreados, é bom terminar ao "velho" estilo da banda: calmo, introspectivo e com atenção às palavras.

 

 

As faixas bónus foram adicionadas ao Spotify (e ao Youtube) mais tarde, mas também já estão disponíveis. E que belas que são. Na minha opinião são duas das mais bonitas canções dos The xx: "Naive" e "Season Run". Mais uma vez vêm para contar histórias, vividas por Oliver e Romy, relacionadas com o período que passavam durante o hiatus entre o fim da tour do segundo disco e o início da gravação do terceiro. São curtas mas são sensíveis. São simples de sentido mas complexas de melodia. São um pouco mais felizes e um pouco mais tristes. Tudo depende do momento e do que sentimos. Para mim são canções nostálgicas. Comparo a "Season Run" à "Missing" do Coexist não em termos melódicos mas no que me faz sentir.

 

No seu todo, não é só a composição que está mais elaborada, que aceita mais as intervenções de Jamie xx, é também em termos de produção que o projeto tem evoluído. São uns The xx mais maduros e crescidos estes. E estão bem assim.

   

P.S. Obrigada a todos os que foram perguntando e quiseram saber quando é que eu ia escrever sobre este álbum. Agora leiam!

Playlist 100 músicas de 2017 // Few days on land

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Este ano decidi formar uma única playlist com músicas tanto nacionais como internacionais que foram importantes e que impactaram o meu 2017 por serem as melhores do ano. O objetivo nunca foi ter 50/50 de representação nacional/internacional. A intenção foi escolher entre as músicas mais ouvidas e as mais supreendentes, mas as melhores. Daí que o que vão encontrar não teve limitações de género musical ou outro, de país de origem e de relevância do artista/banda no meio. A única limitação foi não escolher mais do que uma música de cada artista/banda (só dos melhores álbuns do ano escolhia praticamente o disco inteiro se assim fosse). Para além disso tive também de limitar a 100 músicas porque inicialmente seriam 50 mas não sou uma pessoa de resumos - risos - e portanto quando vi que a playlist estava a chegar às 100, parei. São mais de 6 horas de música (são praticamente 7, mas pronto...) para lembrar que 2017 foi uma riqueza no que à música diz respeito.

 

Nesta playlist podem encontrar nomes mais consagrados, como é o caso dos primeiros Susanne Sundfor (autora do melhor disco do ano), Kendrick Lamar (que não ficou longe disso), assim como os The xx, os Portugal. The Man, os alt-J, as HAIM ou os London Grammar, por exemplo; mas podem também conhecer ou voltar a ouvir artistas que, neste caso, descobri com a ajuda do Spotify e do Youtube em 2017, como Lewis Capaldi, SYML, Criolo, Rationale, entre outros que levo comigo para o futuro.

 

Relativamente a artistas portugueses, a playlist conta com nomes como D'Alva, Manuel Fúria e os Náufragos, Salvador Sobral, Surma, Tiago Bettencourt, Alexander Search e mais.

 

 

PLAYLIST 100 Músicas de 2017:

 

Gostaram das minhas escolhas? Se sim, consultem a playlist no Spotify e guardem-na para mais tarde recordar. De qualquer forma, falem-me das vossas músicas favoritas do ano. Digam-me quais as surpresas, quais as deceções e que música falta nesta lista (se for caso disso). Espero o vosso feedback.

 

Que 2018 seja tão bom ou ainda melhor do que 2017!

Triste, bem triste

Hoje é dia 6 e começa o NOS Alive. Hoje é o dia em que, pela primeira vez desde 2010, vou falhar um concerto dos The xx em Portugal - perdi um concerto do Jamie xx em novembro de 2013 mas aos da banda completa não faltei. Hoje é, portanto, um dia triste. Bem triste.

 

Quando vi o primeiro concerto, em julho de 2010, no ainda Optimus Alive, tive a certeza que não poderia faltar a mais nenhum. Bem, neste caso falo de festivais já que ainda não tive oportunidade de ver um concerto só deles, num contexto mais intimista como a música dos The xx pede (desde já, fica aqui o apelo: quando uma banda desta qualidade, com três álbuns de originais, não tem um concerto em nome próprio desde 2010 num país do qual gosta e que acarinha tanto, alguma coisa vai mal). Nessa altura não quis dar ar de fã n.º 1, até porque estava a dividir atenções fanáticas com os La Roux, e fiquei na terceira fila. Desde então tenho conseguido sempre ficar na primeira fila, qual fã que vai 4/5 horas antes para os concertos e corre assim que as portas do recinto abrem. Se é para ir que seja em bom. Vejam as regalias: não há ninguém à frente com penteados malucos que impeça a visualização do concerto e como não se vê mais nada a não ser o palco, pensa-se que não está lá mais ninguém e é cantar e dançar como se não houvesse amanhã. Foi assim no Primavera Sound de 2012, no Night + Day que os The xx organizaram em Belém, em 2013 (há mais informações sobre este concerto aqui), e no concerto do Jamie xx no Alive, em 2014.

 

Hoje não posso estar lá para ver a estreia no maior palco do Alive. Deixo o meu lugar na 1.ª fila a alguém que seja tão ou mais fã do que eu (ou pelo menos assim espero). Será bonito, não duvido por um segundo. Será surpreendente e emocionante, bem sei. Será um dos concertos mais puros que podem ver ao vivo. A quem estará presente: posso assegurar-vos que não vão ficar desiludidos.    

 

E, por causa disto, hoje por estes lados só se ouve The xx. São os três discos em loop. E mais logo estarei atenta à RTP Play porque estou na expectativa de conseguir ver o concerto em direto o que não é, de todo, comparável a estar a ver, ouvir, saltar, dançar e gritar ao vivo e a cores, como uma excelente e dedicada fã número 1 faria.  

 

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Fotografia retirada do instagram dos The xx

Jamie xx + Romy e Oliver + Four Tet e Stella Mozgawa juntos? Na BBC? Só podia dar bom resultado!

Então não é que de tudo o que aconteceu de bom em 2015 (e não foi muita coisa) eu não posso contabilizar a reunião de Jamie xx com a Romy e o Oliver (The xx), o Four Tet e a Stella Mozgawa (baterista das Warpaint) para tocar "Stranger In a Room" e "SeeSaw" - duas canções de In Colour, álbum de Jamie xx e um dos melhores do ano- ao vivo e a cores? Pois é... Isto já aconteceu há uns meses e esteve disponível no Youtube praticamente desde então, é verdade. Mas eu não tinha visto o resultado final da actuação desta super banda, nos estúdios da BBC, até à semana passada. De facto, um dos grandes marcos musicais de 2015! Depois de tanta pesquisa - e nenhuma parecia surtir efeito - eis que o vídeo aparece, como que por milagre, nas sugestões/recomendações do Youtube. Porque será?  

 

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São versões diferentes das que ouvimos no disco. Gostei muito desta nova roupagem, embora considere ambas as versões verdadeiras obras-primas musicais não só do ano que passou, como da década... Do século! Ora vejam lá se não está aqui uma relíquia:

 

A opinião de família, colegas de trabalho e bloggers quanto ao melhor álbum de 2015

No ano passado, depois de o Sapo me dar a honra de figurar entre os bloggers que avaliam o que de melhor aconteceu durante 2014, fui ouvir algumas pessoas que me rodeiam sobre o melhor álbum do ano. E achei que as opiniões eram diversas e boas demais para ficarem só entre nós. Tive de contar-vos as opiniões deles.

 

Este ano decidi fazer o mesmo. Não só porque o Sapo foi verde o suficiente para "ouvir", novamente, a minha opinião sobre o melhor álbum do ano, mas também porque gosto muito de falar sobre música com as três pessoas que aceitaram fazer parte deste post. Família, colegas de trabalho e bloggers, por esta ordem. Engraçado é que também não foi fácil para eles eleger um só álbum, mas acabaram (muito a custo) por o fazer com toda a amabilidade que lhes conheço. Agradeço-lhes por me ouvirem/lerem, por gostarem de música e por não se importarem de participar nesta pequena brincadeira que nos mostra como até a escolha de um disco como "o melhor de 2015" pode ser uma tarefa muito, muito árdua.

 

Innocence & Decadence

Graveyard

Rita Pires

      

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Another one de Mac Demarco, Ivy trip de Waxahatchee e Multi-love de Unknown Mortal Orchestra também estavam na lista.

 

 

In Colour

Jamie xx

Miguel Amaro

        

 

 

O Top 3 do Miguel fecha com The Epic, de Kamasi Washington, e Elaenia, de Floating Points.

 

 

Multi-Love

Unknown Mortal Orchestra

Mikael Gonçalves, autor do blog Que Amor é Este

      

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sei que não foi fácil para nenhum deles eleger "o melhor" disco porque para todos eles há vários que poderiam ocupar esse lugar, mas acho que se portaram muito, muito bem! E estas respostas são incríveis! Obrigada!