Não é todos os dias que podemos ver bons atores brasileiros (e respetivas equipas de produção) trazer peças de teatro de grande qualidade a Portugal. Aconteceu ontem e, em Lisboa, acontece até 17 de dezembro com "Os Guardas do Taj". Uma história divertida e comovente que fala do poder da amizade e das nossas escolhas. Uma história contada por dois atores numa comunhão perfeita e com uma entrega verdadeiramente emocionante. Conhecemos muito bem Reynaldo Gianecchini, há tantos anos nas nossas televisões, mas talvez não conheçamos Ricardo Tozzi tão bem quanto o ator merece. Gostaria de ter dito aos dois pessoalmente quão emocionada e até surpreendida fiquei com a sua atuação. De Gianecchini sempre achei que todas as suas representações eram carregadas de verdade, uma verdade que se vê em poucos atores. Confirmei isso mesmo. Aquela emoção em cada palavra é de arrepiar! Ricardo Tozzi vai muito além do mais cómico dos seus personagens. Esta é uma personagem que coloca muitas das questões que o próprio público faria, sendo profundamente sentimental ao mesmo tempo que relativiza e coloca humor nas palavras. Aplaudimos de pé mesmo! 👏 Que bom ver excelente teatro brasileiro em Portugal. Que pena que sejam poucas as oportunidades de ver estes atores. Espero que voltem com mais!
Era uma vez uma bilheteira da Fnac e dois empregados ao balcão que desconheciam Father John Misty. E depois aparece uma pessoa que quer comprar um bilhete para o concerto que ele dá no Coliseu no dia 20 de novembro. Chegada ao balcão a pessoa diz: bom dia, queria um bilhete para o concerto de Father John Misty, no dia 20 de novembro, por favor. A empregada responde: de quem? A pessoa repete. A empregada procura algo no computador mas, como não estava a encontar nada (vá-se lá saber o que é que a senhora lá escreveu), perguntou onde era o concerto. Ao que a pessoa responde que não tem a certeza porque tem vários eventos culturais marcados para os próximos tempos mas pensa que é o Tivoli (era do sono, está visto) ou o Coliseu, mas assim com uma fortíssima inclinação para o Coliseu (porque será!). A empregada diz que não está a encontrar nada e a pessoa pega no telemóvel para escrever o nome do artista que é o caro Father John Misty e mostrar à empregada. Enquanto isso, a empregada pergunta ao empregado: olha lá, sabes onde é o concerto do fáder não sei quê? Ele diz que não. A pessoa mostra o telemóvel à empregada, com o nome Father John Misty escrito em maiúsculas, e a empregada responde: eu sei como se escreve não estou é a encontrar nada. Muito bem então. A pessoa lamenta (internamente) o equívoco. Depois diz: é no Coliseu. A empregada pergunta: não terá nada a ver com o Misty Fest? O Festival? Certamente não terá, responde a pessoa, é um músico, é um cantor (na tentativa de colocar ordem na situação simplificando a descrição porque Father John Misty é muito mais). A empregada passa o serviço ao empregado que também não sabe quem é o senhor. É no Coliseu, repete a pessoa. O empregado demora uns minutos mas encontra Father John Misty. Aleluia.
Perdoa-lhes Father porque eles não sabem quem tu és.
"E acordo sonolento, rabugento, Ruminando um lamento por ter de ir trabalhar. Mas penso positivo e concluo que estar vivo É motivo mais que bom p'ra me animar".
Hoje é dia 6 e começa o NOS Alive. Hoje é o dia em que, pela primeira vez desde 2010, vou falhar um concerto dos The xx em Portugal - perdi um concerto do Jamie xx em novembro de 2013 mas aos da banda completa não faltei. Hoje é, portanto, um dia triste. Bem triste.
Quando vi o primeiro concerto, em julho de 2010, no ainda Optimus Alive, tive a certeza que não poderia faltar a mais nenhum. Bem, neste caso falo de festivais já que ainda não tive oportunidade de ver um concerto só deles, num contexto mais intimista como a música dos The xx pede (desde já, fica aqui o apelo: quando uma banda desta qualidade, com três álbuns de originais, não tem um concerto em nome próprio desde 2010 num país do qual gosta e que acarinha tanto, alguma coisa vai mal). Nessa altura não quis dar ar de fã n.º 1, até porque estava a dividir atenções fanáticas com os La Roux, e fiquei na terceira fila. Desde então tenho conseguido sempre ficar na primeira fila, qual fã que vai 4/5 horas antes para os concertos e corre assim que as portas do recinto abrem. Se é para ir que seja em bom. Vejam as regalias: não há ninguém à frente com penteados malucos que impeça a visualização do concerto e como não se vê mais nada a não ser o palco, pensa-se que não está lá mais ninguém e é cantar e dançar como se não houvesse amanhã. Foi assim no Primavera Sound de 2012, no Night + Day que os The xx organizaram em Belém, em 2013 (há mais informações sobre este concerto aqui), e no concerto do Jamie xx no Alive, em 2014.
Hoje não posso estar lá para ver a estreia no maior palco do Alive. Deixo o meu lugar na 1.ª fila a alguém que seja tão ou mais fã do que eu (ou pelo menos assim espero). Será bonito, não duvido por um segundo. Será surpreendente e emocionante, bem sei. Será um dos concertos mais puros que podem ver ao vivo. A quem estará presente: posso assegurar-vos que não vão ficar desiludidos.
E, por causa disto, hoje por estes lados só se ouve The xx. São os três discos em loop. E mais logo estarei atenta à RTP Play porque estou na expectativa de conseguir ver o concerto em direto o que não é, de todo, comparável a estar a ver, ouvir, saltar, dançar e gritar ao vivo e a cores, como uma excelente e dedicada fã número 1 faria.
Hoje é o último dia em que podem visitar a exposição "José de Almada Negreiros: uma maneira de ser moderno", no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Já aqui mostrei fotografias e expliquei porque é que todos os que tiverem oportunidade de passar por lá não devem perder mas achei importante relembrar no último dia. Na minha opinião, é uma exposição que tão cedo não volta a repetir-se (é só ver pelo tempo que demorou ter uma exposição tão completa e com tanta qualidade quanto esta). Podem encontrar os trabalhos de Almada dispersos, mas tantas obras de arte, num só local, não voltamos a ver tão cedo. Leiam o que vos escrevo.
José de Almada Negreiros foi um dos artistas portugueses mais completos do século XX (eu diria de sempre, mas pronto). Não foi só escritor, mas também pintor; não foi só vitralista, foi também um incrível performer. E foi muito mais. Fez parte de uma geração - a de Orpheu - marcada pela intensidade e é hoje um nome maior da arte em Portugal por tudo quanto deixou para as gerações de hoje e amanhã. É essa obra, pela qual é cada vez mais reconhecido, que está em exibição no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Eu que sou uma apaixonada por estes temas, andava extremamente ansiosa (a.k.a. maluca) para ir ver a exposição e a F. - uma apreciadora de arte que, ao contrário de mim, fala muito bem francês e inglês e consegue ajudar-me a traduzir as minhas emoções (por favor, alguém tem aí um daqueles emojis de chorar a rir que me empreste?!) - também queria ir. Visto que só podemos ir ao fim-de-semana fomos num domingo, que é grátis (a partir das 14 horas). A fila é imensa - isto para mim é bom sinal - e ouvi algumas pessoas a dizer que já era a segunda e terceira vez que iam ver a exposição. Pode ser porque está lá tanta gente dentro que não se conguese ver tudo com pormenor? Sim, pode ser, mas eu acredito que é mais pelo inequívoco talento e genialidade de Almada Negreiros.
De facto, a exposição está sempre bastante cheia e temos de esperar um bocado para conseguir apreciar as obras mas vale a pena a paciência. É que a viagem que a exposição "José de Almada Negreiros: Uma maneira de ser moderno" nos proporciona é enriquecedora! Para terem uma noção, em Março de 2015 fui ao Museu da Electricidade ver a exposição "Almada, o que nunca ninguém soube que houve" e, comparando as duas, a de 2015 não é nem 1/3 daquilo que está exposto na Fundação Calouste Gulbenkian. Perdi-me em tantas obras, quem segue o Few days on land no Instagram pode ver-me a apreciar o amor verdadeiro de Sarah Affonso, e acabamos por ganhar não uma mas duas horas de cultura para nossa imensa satisfação pessoal.
Por todas estas razões e porque, na minha opinião, devemos enaltecer os grandes nomes da história da arte portuguesa, aconselho vivamente a todos os amantes de arte uma visita a este museu. Quando forem, levem tempo, paciência e curiosidade porque vão precisar (mesmo quem já tem). Não duvidem que vão aprender muito e divertir-se. Vejam todas as salas, todos os pisos, todas as obras. A exposição está no Museu Calouste Gulbenkian até ao dia 5 de Junho.