Hoje é o último dia em que podem visitar a exposição "José de Almada Negreiros: uma maneira de ser moderno", no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Já aqui mostrei fotografias e expliquei porque é que todos os que tiverem oportunidade de passar por lá não devem perder mas achei importante relembrar no último dia. Na minha opinião, é uma exposição que tão cedo não volta a repetir-se (é só ver pelo tempo que demorou ter uma exposição tão completa e com tanta qualidade quanto esta). Podem encontrar os trabalhos de Almada dispersos, mas tantas obras de arte, num só local, não voltamos a ver tão cedo. Leiam o que vos escrevo.
José de Almada Negreiros foi um dos artistas portugueses mais completos do século XX (eu diria de sempre, mas pronto). Não foi só escritor, mas também pintor; não foi só vitralista, foi também um incrível performer. E foi muito mais. Fez parte de uma geração - a de Orpheu - marcada pela intensidade e é hoje um nome maior da arte em Portugal por tudo quanto deixou para as gerações de hoje e amanhã. É essa obra, pela qual é cada vez mais reconhecido, que está em exibição no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Eu que sou uma apaixonada por estes temas, andava extremamente ansiosa (a.k.a. maluca) para ir ver a exposição e a F. - uma apreciadora de arte que, ao contrário de mim, fala muito bem francês e inglês e consegue ajudar-me a traduzir as minhas emoções (por favor, alguém tem aí um daqueles emojis de chorar a rir que me empreste?!) - também queria ir. Visto que só podemos ir ao fim-de-semana fomos num domingo, que é grátis (a partir das 14 horas). A fila é imensa - isto para mim é bom sinal - e ouvi algumas pessoas a dizer que já era a segunda e terceira vez que iam ver a exposição. Pode ser porque está lá tanta gente dentro que não se conguese ver tudo com pormenor? Sim, pode ser, mas eu acredito que é mais pelo inequívoco talento e genialidade de Almada Negreiros.
De facto, a exposição está sempre bastante cheia e temos de esperar um bocado para conseguir apreciar as obras mas vale a pena a paciência. É que a viagem que a exposição "José de Almada Negreiros: Uma maneira de ser moderno" nos proporciona é enriquecedora! Para terem uma noção, em Março de 2015 fui ao Museu da Electricidade ver a exposição "Almada, o que nunca ninguém soube que houve" e, comparando as duas, a de 2015 não é nem 1/3 daquilo que está exposto na Fundação Calouste Gulbenkian. Perdi-me em tantas obras, quem segue o Few days on land no Instagram pode ver-me a apreciar o amor verdadeiro de Sarah Affonso, e acabamos por ganhar não uma mas duas horas de cultura para nossa imensa satisfação pessoal.
Por todas estas razões e porque, na minha opinião, devemos enaltecer os grandes nomes da história da arte portuguesa, aconselho vivamente a todos os amantes de arte uma visita a este museu. Quando forem, levem tempo, paciência e curiosidade porque vão precisar (mesmo quem já tem). Não duvidem que vão aprender muito e divertir-se. Vejam todas as salas, todos os pisos, todas as obras. A exposição está no Museu Calouste Gulbenkian até ao dia 5 de Junho.
Escrever sobre literatura e depois vê-la. Ali, descansada e exposta, com as pessoas em volta, interessadas e até fascinadas. Deixa-me feliz! Gosto das livrarias de Lisboa, mesmo as que parecem mais desorganizadas. E não, as livrarias não são todas iguais, nem as que são da mesma marca.
A Bertrand nasceu em 1732, na rua Direita do Loreto mas em 1755 a loja seria destruída pelo terramoto que assolou Lisboa. Mudou-se definitivamente para o Chiado em 1773, morando desde então no n.º 73 da Rua Garrett. Sendo a segunda casa de autores como Antero de Quental, Eça de Queirós ou Aquilino Ribeiro, por exemplo, é também a livraria mais antiga do mundo ainda em funcionamento, de acordo com o Guiness World Records.
Visitem o Chiado e a sua Bertrand porque isto contado não tem piada nenhuma!
P.S. Ninguém me pagou ou ofereceu livros para falar disto. A Bertrand do Chiado é mesmo, mesmo uma lindíssima livraria. Aliás, se dúvidas houvesse, tínhamos as fotografias para comprová-lo!
O Museu da Eletricidade, em Lisboa, proporcionou mais um excelente momento cultural aos seus visitantes. Frisemos: excelente e gratuito! A exposição "1915, o ano do Orpheu" foi inaugurada a 26 de Junho deste ano. As últimas visitas aconteceram no fim-de-semana passado, mais precisamente a 20 de Setembro. Algures neste período de tempo, parti à redescoberta deste mundo, que me fascina como já devem ter percebido e que nunca pára de me surpreender. Esta exposição contextualiza a revista literária Orpheu nos acontecimentos e vivências do ano de 1915, cem anos depois do lançamento da mesma. Era uma sala pequena mas bem desenhada e com muitos pormenores da história da literatura portuguesa que importam conhecer e relembrar. Agora que a exposição terminou, partilho convosco algumas das fotografias
A revista Orpheu teve uma vida curta mas a repercussão do talento dos autores que a pensaram criou um misticismo que, de alguma forma, ainda está presente entre nós em 2015 e, na minha opinião, será eterno. Para os portugueses, para Portugal e para a história da nossa literatura no mundo. "Extinta e inextinguível", como diria Pessoa.
Com apenas dois números publicados e um terceiro projectado, a revista esgotou as edições e provocou várias reacções não só em Portugal como também em vários países da Europa. Dividiu opiniões ao retratar as mudanças artísticas e literárias, um período de vanguarda liderada por Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro ou Almada Negreiros, por exemplo.
Steffen Dix, autor de várias obras relacionadas com Orpheu e com os autores por ela consagrados, foi o comissário desta exposição, que contou ainda com o apoio do Centro Nacional de Cultura.
"1915, o ano do Orpheu" é um retrato cronológico da época apoiado em registos bibliográficos, fotografias, objectos, filmes, cartazes publicitários, material bélico, desenhos e poesia. Orpheu é parte da nossa História. Orpheu é parte de nós, da nossa cultura. adaptação a diferentes visões do mesmo mundo. A exposição integrou o conjunto de eventos programados para as celebrações do centenário do lançamento da revista.
"O Orfeu não acabou. De qualquer maneira, em qualquer "tempo" há-de continuar".
Mário de Sá-Carneiro, «Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa»
Não há nada a fazer. Eu sou uma apaixonada por este mundo. "Perdi-me" por horas numa exposição que estava confinada a uma pequena sala do Museu. Estava mesmo a precisar de toda esta arte. Alguém aqui é fã da revista Orpheu e dos talentos que ela revelou?
Já aqui tinha dito que ia fazer uma pequena paragem nos assuntos que dizem respeito ao mestrado. Por uns dias apenas, mas uma pausa porque o ano não foi propriamente propício a "tempos livres" e todos precisamos do descanso. É sagrado! Pois bem... não cumpri. Não só já estou a ler outro livro - a história da curta vida de Mário de Sá-Carneiro é muito interessante mas continua a contar como leitura para a tese - como já tenho outros em consideração para ler de seguida. Já sei que na praia ou numa esplanada o livro combina sempre muito bem, mas descansar, na minha vida, combina muito bem com não fazer nada durante uns dias.
Ainda assim, e contrariando as minhas próprias expectativas, uma visita à Bertrand alterou os planos de férias da minha pessoa. Os livros «Pessoa, Portugal e o Futuro», de Onésimo Teotónio Almeida e o «Manifesto Anti-Dantas», de José de Almada Negreiros podiam ser novidades para a estante lá de casa. O primeiro porque nunca é um exagero conhecer a vida e obra de Fernando Pessoa e o segundo porque numa edição de 2013, da responsabilidade de Sara Afonso Ferreira, traz consigo uma gravação inédita que é nada mais, nada menos do que a leitura do Manifesto Anti-Dantas por José de Almada Negreiros, ou seja, it's kind of a big deal.
Livrarias deste Portugal e do outro, o Mundo... há sempre aniversários a chegar na vida das pessoas e quem faz anos não se pode afundar em dívidas!