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Few days on land

Um retrato do dia-a-dia de uma jovem de viagens quase sempre musicais e nem sempre coloridas.

"Polymorphing" é o último vídeo dos Chairlift

No final do ano passado, os Chairlift anunciaram que o tempo em que faziam música juntos estavam a terminar. Depois de 10 anos como banda, Caroline Polachek e Patrick Wimberly seguem caminhos diferentes, agora dedicados a projetos a solo e de produção musical, respectivamente. Como já contei antes, sou fã da banda e lamento imenso que não continuem com este projeto que tanto admiro mas irei seguir atentamente a carreira de ambos porque eles têm um talento incrível: a Caroline com os seus agudos incríveis (e verdadeiros, por sinal) e o Patrick com um raro sentido de construção sonora. Nunca esquecerei as horas que passei a dançar e a cantar a música "Bruises" (poderei dizer dias?) da qual sei a letra toda. Bons tempos... 

 

Mas enquanto caminhamos para o final deste ciclo, os Chairlift decidiram partilhar um último vídeo. "Polymorphing" foi a canção escolhida. O vídeo envolve pão, gatos, a Caroline no banho e o Patrick a passar um waffle a ferro. Podem esperar, portanto, um vídeo típico de Chairlift. É uma celebração à brilhante carreira deste duo. Voltem, por favor.

 

Aqui está o vídeo:

 

O melhor de 2016: música internacional

2016 foi um ano bastante positivo no capítulo da música internacional mas também teve os seus momentos menos bons. Os Chairlift são uma das minhas bandas favoritas e eu fiquei muito feliz por eles editarem o álbum Moth este ano. Ainda assim, 2016 não terminou sem que a banda anunciasse que tudo chegará ao fim na Primavera de 2017, com os últimos concertos, para que os elementos possam seguir projetos a solo. Tive o privilégio de vê-los no Primavera Sound e achei-os fascinantes. Tenho pena de não ter mais oportunidades de testemunhar tanto talento enquanto banda mas vou continuar a acompanhar a carreira da Caroline e do Patrick. Por outro lado, assisti a outra das minhas bandas de eleição lançar um disco muito fraco, considerando as expectativas que tinha pelos álbuns anteriores e pelo concerto que vi aqui há uns anos no Primavera. Falo dos M83 e do seu Junk. Passando à frente... 2016 foi bom pelos regressos de Daughter, com um disco muito completo, repleto de emoções e letras eficazes; de Kings of Leon com Walls, um disco que consigo ouvir de fio a pavio, várias vezes seguidas, sem ficar cansada, algo que já não acontecia desde Only By The Night, de 2008; dos energéticos e intensos Metronomy; e do querido James Blake que colocou tanto de si e da história da sua vida em The Colour In Anything. Os The Last Shadow Puppets também não tinham nada melhor para fazer e decidiram que Everything You've Come to Expect seria o disco dos nossos sonhos. Mas este disco foi muito mais do que se poderia esperar: consistente, criativo, original e teatral. Falando nisso, já estão a par de que Alex Turner devia pensar seriamente numa carreira no cinema? Não? Eu expliquei tudo neste post, no qual apresentei provas da veracidade desta afirmação. Os City of the Sun vão ser repetentes no que de melhor se faz na música internacional até que o mundo compreenda e aceite o talento das suas composições. Fiquei rendida ao disco To The Sun And All The Cities in Between e acredito que tal como o álbum de Rui Massena (ver O melhor de 2016: música portuguesa) dava uma excelente banda sonora. É um disco natural, intuitivo, emocionante. Ouçam-no e a vossa vida não voltará a ser o que era! 2016 foi também o ano em que a voz terna e distinta de Tor Miller conquistou o meu coração. American English é um dos melhores álbuns do ano passado, sem dúvida! Alex Cameron e Lost Under Heaven foram outras grandes descobertas de 2016.

 

Obrigada 2016 pelas novidades de Father John Misty, Bloc Party, Miike Snow, Roosevelt, The Strokes, The 1975, Gordi, Broods, Banks, The Temper Trap, Solange, Tom Odell, Nicolas Jaar, Wild Beasts e tantos outros que estão na playlist - se mencionasse e falasse de todos não saíamos daqui tão depressa. Obrigada pela revelação do super grupo LIV.

 

Permitam-me, no entanto, que dedique umas palavras a Blond, de Frank Ocean, que acredito ser o melhor álbum internacional de 2016. Foi muito complicado decidir qual a música que devia constar na playlist visto que enquanto ia ouvindo o disco ia ficando mais e mais apaixonada pelas músicas: as letras, as melodias, a conjugação de instrumentos e a voz doce de Frank Ocean. Ser sexy faz parte da personalidade dele por isso essa parte já não surpreende (escreve-vos uma fã da música "Lost"!). Um concerto ao vivo deste senhor deve ser um marco na vida de uma pessoa e não o digo apenas porque os concertos dele são raros em termos númericos. Acredito que a raridade está no artista em si. "Self Control", "Ivy", "Futura Free", "Pink + White", "Solo" e "Close to You" são algumas das melhores.    

 

Deixo uma palavra de apreço pela magnífica carreira de Prince, um artista único que compôs alguns dos meus temas favoritos, como "Purple Rain" ou "Kiss", por exemplo. Um talento que nunca será esquecido. 

 

Álbuns em destaque

 

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Blond

Frank Ocean

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 To the Sun and All the Cities in Between

 City of the Sun

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Not To Disappear

Daughter

 

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Everything You've Come To Expect

The Last Shadow Puppets

 

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Summer 08

Metronomy

 

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The Colour In Anything

James Blake

 

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Walls

Kings of Leon

 

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American English

Tor Miller

 

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Moth

Chairlift

 

 

PLAYLIST "O melhor da música internacional de 2016":

 

 

Se gostaram das minhas escolhas consultem a playlist no Spotify e guardem-na para mais tarde recordar. Sintam-se à vontade para dar a vossa opinião e partilhar nos comentários quais são os melhores artistas/álbuns/canções de 2016. 

 

Feliz 2017!

Álbuns de 2016: Moth, de Chairlift

Os Chairlift, duo americano formado em 2005 por Caroline Polachek e Patrick Wimberly, regressam aos registos discográficos com Moth, disco do qual já conhecíamos as faixas "Ch-Ching" e "Romeo". Editado pela Columbia Records, Moth saiu a 16 de Janeiro. Três anos após o lançamento de Something, álbum de Janeiro de 2012, Caroline e Patrick voltaram em força e prometem ficar porque trouxeram músicas capazes de alcançar o rótulo de the next big thing e trazê-los a Portugal novamente, muito em breve (de relembrar que eles marcaram presença na edição de 2015 do Vodafone Mexfest).

 

O alcance vocal de Caroline Polachek é impressionante e a variação vocal que ela imprime nas canções é talvez a característica mais vincada da banda. Muitos reconhecem-nos porque sabem que assistir a um concerto deste duo é praticamente o mesmo que ouvir o CD, apenas no que respeita à qualidade dos agudos de Polachek, como é óbvio. A energia nem se compara! Caroline tem uma voz imensa, que impressiona, mas que só brilha se Patrick Wimberly fizer o seu trabalho dando groove instrumental à coisa. Aliás, Wimberly tem menos intervenções vocais em Moth do que nos discos anteriores, certamente para se concentrar nos múltiplos sons que os Chairlift revivem faixa a faixa. Vi-os no Primavera Sound de 2012 e adorei. Já era fã mas ainda fiquei mais. 

 

 

       

ChairliftSingle.jpg

Desde Does You Inspire You, primeiro álbum da banda, que o synth-pop é a praia certa para os Chairlift e, por isso, esperava-se que este álbum estivesse dentro do estilo. E está. Analisando as canções, "Romeo" e "Ch-Ching" foram os primeiros singles conhecidos porque são também as faixas com melodias mais semelhantes aos grandes êxitos da banda como "Amanaemonesia" ou "I Belong in Your Arms", faixas incluídas em SomethingMoth tem 10 canções originais, sendo as minhas favoritas "Look Up", "Polymorphing", "Crying In Public", "Ch-Ching" e "Moth to the Flame".  


Li algures que se nota perfeitamente como o som dos álbuns tem evoluído e está hoje muito mais "limpo" do que o som do álbum que os lançou, em 2008. Concordo plenamente, embora Does You Inspire You seja um dos meus álbuns favoritos de sempre, com músicas como "Planet Health", ou "Earwig Town", sem esquecer, naturalmente, "Bruises" - que deve ser uma das músicas que mais cantei na vida, ainda hoje sei cada palavra da letra - e "Somewhere Around Here", uma das melodias mais bonitas que já ouvi.

 
"Moth to the Flame" impressiona por ser extremamente pop, digno de se transformar num hit brevemente. É super dançável, animada, e tem Polachek a mostrar a amplitude de que falava no início, parte da sua identidade. "Show U Off", a canção que se lhe segue, herda vários aspectos da anterior: batida marcada, é up beat, melodia dançável, ainda que menos identificável com as criações de Chairlift.

 

Um dos pontos também caracerísticos desta banda e que gosto de ver que não esqueceram em Moth, é o facto de incluirem sons menos usuais neste estilo nas suas músicas e combinarem-nos com sons electrónicos, as guitarras e as vozes de uma forma diferente das outras bandas. Com os Chairlift parece que essa junção corre sempre bem. É difícil apontar-lhes defeitos. Em "Ottawa to Osaka", por exemplo, ouvimos violinos misturados com sons orientais e electrónica. E não podemos dizer que não funciona. Escolho "No Such Thing as Illusion" (boa letra!), "Unfinished Business" e "Show U Off" como as menos favoritas do álbum.

 

Ouvir Chailift soa sempre a uma viagem. Acontecem várias coisas, todas elas diferentes, conseguimos passar por diversos estados de espírito, e imaginar paisagens bastante díspares. Não diria que Moth é mais do mesmo, mas também não é um flop. Mudaram pequenas coisas e, neste caso, isso correu bem.

 

Recomendo!