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Few days on land

Um retrato do dia-a-dia de uma jovem de viagens quase sempre musicais e nem sempre coloridas.

Nome de Código: Cigarettes After Sex

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Greg Gonzalez, Phillip Tubbs, Randy Miller e Jacob Tomsky são, desde 2008, os Cigarettes After Sex. O percurso dos americanos, radicados em Brooklyn, foi suave, como os sussurros das suas melodias, e intenso, como o conteúdo das suas letras. A responsabilidade é de Greg Gonzalez em 90% do tempo, sendo ele o responsável pela escrita do romance, começado ou acabado, o do início, do meio e do fim, o amor sentido e tantas vezes sofrido e que através de palavras é refletido em cada verso e em cada refrão das suas canções.

 

Não é à toa que despertam sentimentos verdadeiros e contraditórios, fictícios ou assertivos em quem os ouve. A reação é de perplexidade, pois são impressionantes os cenários onde nos levam nas nossas memórias ou que nos fazem imaginar. Podemos ver essa reação nos concertos em que se reconhece uma plateia absorvida pelo tanto que está a sentir, claramente pouco preparada para o ambiente invulgarmente intímo que encontrou (qualquer tipo de preparação, inclusive workshops ou cursos, seriam pouco eficazes no momento da confrontação com esta banda ao vivo). Podemos ler essa reação nos comentários destacados dos vídeos publicados no Youtube, como é o caso da faixa "Keep On Loving You", canção escrita por Kevin Cronin e conhecida em 2015 no EP Affection, onde as pessoas confessam-se nostálgicas por um amor que ainda não viveram e outras declaram chorar por um término pelo qual nunca passaram. É isto o dream pop dos Cigarettes After Sex. É este um dos lados mais profundos da música e da sua ligação às nossas vidas, quer sejam elas vividas ou sonhadas.

 

 

Os discos não são muitos. Na verdade, 16 músicas resumem-se em dois EPs - I., lançado em 2012, e Affection, de 2015 - e um disco de estúdio, Cigarettes After Sex, lançado em junho deste ano. Mas, tal como frisei no início, esta banda foi capaz de fazer pouco mas muito bom, o que é caso raro, não único, mas sim bastante particular dos Cigarettes After Sex. Souberam criar uma bolha musical onde vão mostrando as suas composições, num ambiente próprio e com a intimidade de quem sabe como emocionar pela verdade, criando uma ligação com a audiência. Essa verdade que nos fala ao ouvido, que nos canta ao coração e que tem a capacidade de desarmar e de deixar a nú as qualidades e as fragilidades de todos nós.  

 

 

Em 2017, ano em que lançaram o primeiro disco de estúdio, estiveram várias vezes em Portugal: em junho no NOS Primavera Sound e em novembro no Hard Club (Porto) e no Vodafone Mexefest (Lisboa). No ano anterior tinham estado no Vodafone Paredes de Coura. São, portanto, não só bem conhecidos dos portugueses como bastante acarinhados por cá. E isto fez-se com cerca de 20 músicas conhecidas , o que, só por si, é indicativo da excelência dos Cigarettes After Sex. E da melancolia que lhes sentimos. 

 

 

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Todas as fotografias deste post foram retiradas do Facebook dos Cigarettes After Sex.

Reciprocidade

Se não o sabes, é nos piores momentos que percebes quem são os teus amigos e quem se preocupa contigo. Nem sempre são as pessoas de quem tu és amiga e com quem te preocupas. Tem sempre isso em atenção e procura não te importares demasiado com quem não tem sensibilidade para te compreender. É uma perda de tempo e não estamos aqui para isso. Estamos aqui para aproveitar o nosso tempo com quem realmente gosta de nós e com quem faz questão de demonstrar-nos que a compreensão pode ser mútua, com os amigos que percebem quando estás a viver um momento menos bom e apoiam-te, no matter what. O tempo é pouco, não te preocupes com certas coisas, não te preocupes com certas pessoas. 

Perda

A propósito da perda e do desaparecimento de quem mais amamos, diz Miguel Esteves Cardoso:

 

"A maneira de reagir à saudade e à tristeza é ter um coração bom e uma cabeça viva. A saudade e a tristeza não são doenças, ou lapsos, ou intervalos, como se diz nos países do Norte. São verdades, condições, coisas do dia a dia, parecidas com apertar os atacadores dos sapatos. É banalizando-as que as acompanhamos. Um sofrimento não anula outro. Mas acompanha-o. Para isto é preciso inteligência e bondade. Aquilo que resta são as pequenas alegrias. No contexto de tamanha tristeza e tanta verdade tornam-se grandes, por serem as únicas que há. Não falo nas alegrias que passam, como passam quase todas as paixões. Falo das alegrias que se tornam rotinas, com que se conta: comprar revistas, jantar ao balcão, dormir junto do mar, dizer disparates, beber de mais, rir. Coisas assim. São essas coisas — entre as quais o amor — que não se podem deitar fora sem, pelo menos, morrer primeiro".

 

 

E a acompanhar esta reflexão tão sentida, uma música: